segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Além da Vida

Clint Eastwood fez um filme sobre a morte. Nos seus 80 anos de idade, começou a pensar a respeito e resolveu tratar da morte a partir dos vivos, das experiências quase-morte, da maldição dos médiuns e das pessoas que precisam se comunicar com os que já se foram. É um filme que, segundo ele, poderia ter sido realizado aos seus 30 anos. Certamente, ele poderia ter começado com um filme assim.

A história, na verdade, são três que se entrelaçam. 3 pessoas que vivem em países diferentes. Marie está na Tailândia e presencia um tsunami, é arrastada pelo mar, (quase) morre, mas é ressuscitada. George é médium, que quase morreu quando criança, mas foi trazido de volta, e desenvolveu o "dom" de se comunicar com os mortos, algo que ele renega. E, por fim, Marcus, que perde o irmão gêmeo Jason atropelado,mas não consegue se desvincular da presença dele.

Acabou a sinopse, acabou a história. O que Clint faz no filme, é apresentar as personagens e a forma como elas lidam com a mudança em suas vidas. De forma superficial e forçada. Filme clichê, daquela visão da morte como visualização dos vultos contra a luz e da não aceitação da perda dos entes queridos. E nisso, soma-se as desgraças dos personagens  secundários ao lado dos protagonistas. Quem mais comove é o Marcus. O ator, uma criança, de longe, é o que tem a maior dramaticidade e história dos três. É o que traz um certo propósito, já que ele busca se comunicar com irmão, e, neste caminho, passa por diversos charlatões, etc. Marie, jornalista rica, bem sucedida, não tão sortuda em relacionamentos, tenta escrever um livro sobre sua experiência, atordoada pela situação pela qual passou, procurando explicação científica,em que todos pensam que ela é louca. Veja você que a experiência dela é a mesma contada zilhões de vezes. O filme se passa nos dias atuais e o diretor quer que você acredite que é algo novo.

É um filme com temática batida, mal resolvido, o entrelaçamento das histórias* se dá de forma tão forçada como foi a quase morte da Marie**. É sem dúvida o pior filme da carreira do Eastwood. Não chega a ser o pior da vida de ninguém, porque você realmente vai gostar do Marcus.

Apenas, se assistir, não esqueça que ele fez "Mundo Perfeito",  "Sobre Meninos e Lobos" e "Gran Torino". Só por esses filmes, você nunca vai tomá-lo como diretor mediano, apesar deste filminho medíocre. E pensa que ele está velhinho, sensibilizado pela morte, que , na verdade, gostaria de ser novato, fazendo filme digno de iniciante.Talvez, no tema morte, seja, porque os filmes que ele fez sobre a vida são maravilhosos.




*Eles se encontram em Londres numa feira de livros e palestras sobre  o tema. Marie está lançando o livro, rola um climinha com o George, aí aparece o Marcus, George é perseguido. Algo assim, que, nas duas horas de filme, ele realiza em 15 minutos.

** A Marie, durante o tsunami,  se agarra a um tronco, e a carroceria de um carro se choca com ela de costas, ela desmaia. Aí, é salva e fazem respiração boca a boca, como se fosse afogamento, e ela até cospe a água dos pulmões.

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