terça-feira, 23 de setembro de 2008

Tréplica

A respeito do post sobre transparência política, tive o seguinte comentário: "mas vc ta naturalizando a lei. as leis sao ideologicas tb.mas a sarah se pretende exemplo. quer reformar washington INTEIRA."

Por conhecer quem o escreveu, sei tratar-se de uma pessoa que defende os interesses das minorias. Vou dar um novo enfoque sobre esse lado.

A Sarah gera uma identificação do eleitorado americano que reprova a política do Bush e a aprova como administradora. Ela foi duas vezes prefeita e é governadora do Alasca. E, além disso, lida diretamente com a política de exploração petrolífera. É um histórico bem sucedido e relacionado à ética. Não por ela, mas por quem a analisa. Cargo político é representativo da pessoa do eleitor, do que ele pensa, e moral conta muito. É uma modalidade individual de conduta ética. Multirreferenciada, claro, mas, na política, é o detalhe que elege. O leitor sopesa o que ele considera moral, o que ele faria. Uma identificação assim com o candidato é voto certo.

Posições minoritárias são perigosas e tiram a eleição quando se trata de executivo. Porque administrador é representante de uma coletividade, devendo defender seus interesses, por isso, que seus atos gozam de legitimidade e legalidade. Quando ele defende as minorias, na qual ele se insere, ele está defendendo interesses particulares antes do interesse público. E essa o não é a conduta que se espera dele. Até porque existe uma norma que prega a igualdade e, agindo assim, ele prega a discriminação. Cada caso é um caso, mas é difícil uma política defensora das minorias não ser excludente. A lei de cotas o é, a lei do racismo também. São leis freqüentemente atacadas, polêmicas e discutíveis e, em alguns aspectos, caem em desuso. Mas mesmo assim, têm uma função social, educadora, e, mesmo que haja discussão no judiciário, gera efeitos também sobre a sociedade. É jogar a discussão pra sociedade. A lei tem função fática, mas o fato de existir é meramente educativo. É importante um legislativo com representatividade diversificada, porque se amplia o rol de discussão e as possíveis conseqüências jurídicas. No administrativo não, porque se faz primeiro, discute-se depois.

As críticas dirigidas à Sarah Palin têm natureza moral e ideologicamente minoritária. Seja pela teoria criacionista, pelo fato de ela caçar, ser antiaborto, não importa, existe uma premissa: tudo que ela faz e/ou defende é expressamente permitido pela lei. No caso do aborto, ser a favor, é ser contra a lei. E, neste caso, é sobre o fundamento dessa lei . E o que interessa ao político é a maioria. E é pra ela que ele volta sua campanha.





segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Não amarás (com spoilers)


Antes de julgar, procure entender o outro lado. O filme tem a estória mais simples possível. Trata da vingança de uma mulher sobre um voyer adolescente. Mas é muito mais que isso, óbvio. Tomek é um garoto de 19 anos que observa há 1 ano uma mulher, Magda, que mora no prédio em frente. No início, era coisa de garoto, ver pessoas fazendo sexo, mas depois ele passa a tomar parte - anônimamente- dos seus sofrimentos, de como os homens a viam e de como ela os via. Até que um dia ele toma coragem, se declara e conta tudo.

Isto posto, deve-se dizer que, tanto diretor como a atriz, não entenderam como as pessoas o viram como uma estória de amor. É sobre a vingança de uma pessoa que não acredita no amor contra outra que a ama, mas demonstra de um lado não muito ético. E até egoísta, porque, quase sempre, o amado é idealizado e objeto e conduta se confundem. Amar é também ser obcecado por alguém, focar-se nele sem preocupar-se como o mundo vai perceber suas ações. Mas sempre quem ama tem a gentileza e a sensibilidade como princípios de abordagem, que podem até ser confundidas com subserviência pelo amado. E, neste caso, não correspondência.

E após dizer que a ama, ela pergunta o que ele quer dela. A resposta é sempre"nada". O motivo de ele entregar-se a ela é justamente a sua percepção de que ela precisava de alguém e não o tinha. Ele a via com os namorados, sua submissão, as ofensas que ouvia, como aceitava que ofendessem sua dignidade e depois o quanto sofria. O que os homens queriam dela era sexo e ela se via assim, como objeto sexual, não como uma pessoa que quisesse um gesto de gentileza. E ela o vê pelo lado que ela conhece dos homens, se vinga, humilhando-o, tratando como pervertido, oferecendo-se a ele inclusive. E ela gosta de ser vigiada. O rapaz, desiludido, tenta suicídio.

Do outro lado, Tomek tinha a mãe de seu único amigo. Alguém que olhava por ele. Cuidava, zelava, dava-lhe amor. Gratuitamente. E ela passa até a cumprir com as tarefas dele, enquanto ele se recupera. Ela o salva. E através dela que Magda vai perceber o quanto foi tola e desperdiçou a chance de ter alguém que olhasse por ela. O quanto não estava sozinha e que, caso cedesse à depressão, estaria a salvo. Ela vê pela ótica dele e entende o porquê de seus gestos e os raros momentos em que ele se fazia presente : nos bilhetes que enviava a ela pra que fosse receber uma encomenda no correio, onde ele trabalhava; das cartas de um ex- namorado que ele interceptava, não deixando que lhe fossem entregues ( o que a fariam sofrer); do emprego de entregador de leite que acumulou somente para vê-la; dos telefonemas que ele fazia sem dizer nada. Num deles, ela o insulta e ele liga novamente e lhe diz: "Sinto muito". Ela achava que ele olhava pra ela, mas ele olhava por ela.

É o típico filme de estória trágica de amor. Não tem o fim trágico, mas nada mais triste do que amar e entender o amor de alguém tarde demais. E o amor só é compreendido, quando um dos lados se põe no lugar do outro.

É polonês, dirigido por Krzysztof Kieslowski, o nome em inglês é "A short film about love" e é de 1988.

*Lendo sobre o filme, descobri que este também faz parte da série de curtas para TV intitulada Decálogo e é uma versão estendida. "Não matarás" é o outro filme que também teve essa versão estendida. A versão original termina com o suicídio. E é um filme de visão católica. A idéia do diretor é a de fazer com que as personagens só percebam o tema do filme, quando estão diante de um conflito insolúvel. No caso, Magda não acreditava no amor. Sua vida muda quando percebe a existência dele, mas, quando finalmente pode fazer algo, é tarde. Então, na série, o rapaz se suicida, e acaba o filme. Mais sombrio. A bela cena final é da versão estendida, a pedido da atriz, pra dar uma versão light. Mostrando que a Magda cedeu e passou a acreditar no amor. É uma metáfora de como a falta de amor nos faz cegos e da mesquinhez dos sentimentos de vingança.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O que é transparência política hoje?

O fato é que o eleitor vota no político com o qual ele se identifica. Antes, o político fazia aquele discurso “politicamente correto”, do certo , do ético, de comportamentos que uma pessoa comum jamais teria. Ele se fazia de exemplo, de cidadão ideal, acima dos demais. Aí se descobria uma filha fora do casamento, fotos comprometedoras, sexo com a secretária e isso acabava com a eleição dele. Pra ser político, tem que ser honesto, se você mente ou omite pra ser eleito, você não é honesto. Mas isso antes dos Reality shows. Aí que se percebeu que as pessoas gostam da pessoa pelo que ela é, não pelo que faz. O problema não é você errar; é você errar, omitir, e dizer que não erra.

O político tem que se aproximar do povo. Ser como ele. E isso é OBVIO num país que tem o Lula como presidente. Ele não fez governo dentro da ideologia que defendeu anos e anos. Fez O OPOSTO , mas foi lá e contou a “HISTORIA DE VIDA”. As pessoas se identificam com o “torneiro mecânico” que traiu a esposa, tem filha bastarda, fama de alcoólatra, e faz questão de dizer que não gosta de estudar. Todo mundo sabe que o discurso que ele lê não é dele. Que ele tem lábia. Mas ele dá bolsa família, transformou pobre em classe média. Deu aquela ideologia de que tirou de quem tinha pra dar pra quem não tinha-em cash-. Deu diploma Prouni. Isso é realidade aparente, claro. Mas o povo gosta de aparência também. E o caso do Lula é exceção à nova regra de transparência política.

Sarah Palin é uma política moderna. Ela vive no Alasca, onde a caça é permitida, é contra o aborto, mas tem um filho com Down descoberta na gravidez, e isto é, além de não ter agido contra a lei, ter vivenciado o que defende. E mais: graças a ela, quem mora no Alasca ganha 3 mil dólares de royallties do Petróleo por ano. Uma opinião pessoal sobre ela é irrelevante, ela realmente passa a imagem de fazer o que defende e isto conta muito. Ela não vive contra a lei e qualquer crítica sobre ela será moral. E cada um tem a sua.

Feminismo, Greenpeace, bom-samaritanismo são coisas que a maioria das pessoas vêem como fora da realidade e inalcançáveis. Há sempre algo errado por trás de tanta preocupação em ser exemplo. E, pra política, isto não serve mais.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sobre imagem


A cada dia que passa, as minorias vão ganhando mais força. E também vai surgindo um mercado voltado somente pra elas e, também, atos do Estado a fim de "corrigir" as desigualdades que as oprimiram por muito tempo. Ação reparadora, mas retrógrada, porque ela disciplina uma nova realidade tomando como parâmetro uma situação que não perdura mais. Se você direcionar algo ao mercado "comum", a minoria vai se sentir ofendida. Porque a imagem dela é estereotipada e o senso comum a vê determinado segmento como inferior ou não-digno de consumir tal produto. Um exemplo típico são os "estereótipos sexuais".

E uma coisa que eu acho engraçada é que o mercado para os homens é o mais óbvio possível. Basicamente a cerveja, o aparelho de barbear, as revistas de mulher pelada. Surgiram os metrossexuais, criação do mercado, com o intuito de"afeminar" os homens, tornando-o mais consumistas com produtos de beleza, vestuário, saúde. Coisas tradicionalmente direcionadas às mulheres, tidas como mais consumistas e, por isso, com maior atenção do mercado. E a mulher feminista é o motor propulsor pra outros grupos. Se o sabão em pó tem micropartículas, que são homens fortes e másculos capazes de tirar a sujeira, a interpretação é de que a mulher não seria capaz de fazê-lo. Teriam que ser super-mulheres, ou micropartículas andróginas, já que tanto o homem quanto a mulher podem se encarregar de serviços domésticos. É a síndrome da dona de casa, que ganhava coisas de cozinha no dia das mães.

A propaganda não tem função educativa, ela induz ao consumo. E também é reflexo dele. A cerveja é representada pela mulher gostosa porque os homens consomem mais. As micropartículas do sabão em pó são homens fortes,porque as mulheres que compram mais. Só que tudo tem que ser mal interpretado. A minoria se sente excluída pelo comercial, por isso, se volta contra ele. E acaba que a polêmica promove o produto.

O problema do discurso das minorias é a negação do contrário. Não existe preocupação delas em criar uma imagem própria e positiva. Se a sociedade é preconceituosa, eles se voltam contra a sociedade. Se as paradas gays mostram o gay como promíscuo, sempre em clima de boate, seminu e rebolando em cima de trios elétricos, esta será a impressão da sociedade em relação a ele. Aí, as campanhas publicitárias, ao se referirem aos gays, sempre terão conotação erótica. Até porque a diferenciação se dá por isso: pela estereotipação da opção sexual. Um homem sem afetações, roupas escandalosas, rebolando, etc., é um homem, e, só com a imagem, não há como diferenciá-lo.

Fato é que um discurso politicamente correto apenas evita discussões, mas não direciona, nem ajuda o posicionamento dos argumentos ou reivindicações. É uma forma de se evitar chamar a responsabilidade pra si e neutralizar os interesses. E, numa propaganda, é fatal.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Armas políticas


Eleição americana é algo muito sério. Gera repercussão no mundo inteiro, é tido como o cargo mais importante e influente, etc. e a gente sabe que americano é um povo que sabe fazer uma propaganda, criar uma ideologia. E eles sabem tudo da vida de quem eles propõem uma representatividade. E eu não tenho sentido muito essa preocupação nas últimas eleições. Acho que ninguém está muito interessado na presidência. O Bush fez o favor de enfiar opé na jaca e fazer uma série de asneiras. E isso inclui a famigerada guerra do Iraque. E me parece que a população americana não aprova.

E a última foi a foto da Palin com armas. Americano tem arma, por direito. E lá, a caça é um esporte e é permitida. Não vejo nada demais nisso, mas uma mulher com uma arma, figurativamente, representa uma negatividade. Pra mim, é indiferente. Até porque ela é vice. Acho sensacional uma mulher concorrendo a um cargo presidencial, a participação da Hilary Clinton, até pra acabar com essa subserviência- muitas vezes por conveniência- que a imagem da mulher sugere. Nada traz mais insegurança para a politica internacional do que um governo americano. Ninguém põe a mão no fogo. E a sociedade americana não liga, na sua maioria, em quem vota. E o feminismo está em decadência. Fato.

Aqui, tudo aponta para a Dilma. Que não tem meu voto nem a cassetada. E a gente sabe que ela não é defensora da democracia coisa nenhuma. Teve uma vida voltada para as torturas e fazia o que criticava. Era do grupo do Lamarca- herói pra muitos-. E toda essa imagem vai surgir, caso ela se candidate. A arma que ela usava não era pra caça de animais. E se a arma da Palin ofender alguém, que a arma da dilma também surja com os mesmos efeitos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Bom, nunca se saberá se este motorista bebeu ou não. Porque um cara que bebe água do tietê, se fizesse o teste do bafõmetro, mataria o policial.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O discurso de Sarah Palin


Eu sempre fui a favor do aborto. E sempre achei que, exceto pela argumentação religiosa, tudo levava para esse caminho. Num país, onde cada vez mais, a mulher vai dominando o ambiente de trabalho, é maioria, não cabia defender uma atitude que a fizesse justamente agir em contrário. De uma gravidez, não se foge, a mulher tem o direito de dispor do seu corpo, e interromper uma gravidez, seria melhor do que ter uma criança mal cuidada. E olha que justamente quem não pode criar é que tem mais filhos.

E aí, que de uns tempos pra cá, eu fui amadurecendo essa idéia, passei a ver que não é só a gravidez que preocupa, mas a AIDS também. E as adolescentes já estão saindo de casa preparadas rpa tirarem a calcinha e pôr em prática as coreografias do funk. Resiltado: saem grávidas, com AIDS e não sabem quem são os pais. Daí, analisando esta situação, conclui-se que o ímpeto de se fazer sexo, contraindo AIDS, significa que nem a própria saúde é relevante na hora do sexo. E pior: a gravidez bão é indesejada, é impensada. Não é por falta de informação, nem que se pode usar DIU, já que não quer a camisinha. É correr risco mesmo. Num baile funk não se tem como levar camisinhas suficientes.

A gente olha pra sociedade americana: religiosa, moralista, defensora dos ideais da família e vê o exemplo da Sarah Palin. É a vice do McCain e é uma mulher pra dar presença. Tem filha adolescente, grávida e ela VAI ASSUMIR a criança, porque é contra o aborto. A intenção aqui é criar uma identificação com as mulheres da sociedade americana: mães jovens, mulheres com filhos que passaram pro este problema e, todos sabem que são maioria. O discurso dela, talvez, seja velho, mas há um ponto de congruência com o meu. Ela trata da responsabilidade, da independência do homem pra assumir. Que ele seja visto como irresponsável, abandonador , malandro, etc. Não importa durante aquela gestação o filho será sempre da mulher. Depois que nascer, DNA nele.

E aí que começa o meu ponto de vista. O aborto defendido como um ato que compete exclusivamente à mulher, atribui-lhe responsabilidade unilateral pela criança. Tudo bem, é altamente feminista uma mulher fazer o aborto, independentemente do consenstimento do homem. Mas, preferindo ter o filho e o homem não, ela não poderá exigir obrigações dele. Só é possível saber a paternidade depois que o bebê nasce. Por isso, a lei não poderia exigir o consentimento do homem para oaborto. Se a percepção dos defensores for: mulher opta pelo aborto, logo, não pode exigir alimentos do pai, perfeito. Não há discussão. Até porque a lei defende os direitos do nascituro, obrigando o pai a participar da formação do filho, justamente por defender a família.

É necessário observar que a responsabilidade é mais da mãe. Ela quem vai carregar o bebê na barriga nove meses. E ela quem não está se preocupando. A proibição do aborto remedia a situação, porque gera obrigações mútuas. Tanto o homem quanto à mulher são responsáveis. A legalização não. Vai remediar a gravidez acidental, sendo menos uma preocupação aos casais na hora do sexo. E, certamente, na hora, ninguém pensa em doença, mas pensa , se pensar, na gravidez.

E por aí, vai o discurso: na responsabilidade. É preciso previnir, se acontecer, assumir. Um aborto em massa, por mães arrependidas, gera, em países populosos e jovens um caos. Gera responsabilidades sobre o Estado, médicos obstetras, uma movimentação tamanha pra resolução de um problema evitável. E todos sabem que uma mulher em condições de fazer um aborto, ela o fará. E uma vez que a gravidez não resulte de um namoro, algo sério, onde realmente possa ser verificado o acidente, não há como defender o aborto, principalmente se a mulher pega AIDS. Por isso, acredito que a política pública deve ser sempre feita na prevenção. E não no sexo sem responsabilidade e cuidado.

UPDATE: Sobre esse lance de aborto, ela também revelou - ou foi noticiado- que ela tem um filho com Down e um dos motivos de ela ser contra é esse: algumas deficiências e malformações poderiam ser detectadas na gravidez. A mãe, então, poderia abortar pra ter filhos perfeitos.