A Sarah gera uma identificação do eleitorado americano que reprova a política do Bush e a aprova como administradora. Ela foi duas vezes prefeita e é governadora do Alasca. E, além disso, lida diretamente com a política de exploração petrolífera. É um histórico bem sucedido e relacionado à ética. Não por ela, mas por quem a analisa. Cargo político é representativo da pessoa do eleitor, do que ele pensa, e moral conta muito. É uma modalidade individual de conduta ética. Multirreferenciada, claro, mas, na política, é o detalhe que elege. O leitor sopesa o que ele considera moral, o que ele faria. Uma identificação assim com o candidato é voto certo.
Posições minoritárias são perigosas e tiram a eleição quando se trata de executivo. Porque administrador é representante de uma coletividade, devendo defender seus interesses, por isso, que seus atos gozam de legitimidade e legalidade. Quando ele defende as minorias, na qual ele se insere, ele está defendendo interesses particulares antes do interesse público. E essa o não é a conduta que se espera dele. Até porque existe uma norma que prega a igualdade e, agindo assim, ele prega a discriminação. Cada caso é um caso, mas é difícil uma política defensora das minorias não ser excludente. A lei de cotas o é, a lei do racismo também. São leis freqüentemente atacadas, polêmicas e discutíveis e, em alguns aspectos, caem em desuso. Mas mesmo assim, têm uma função social, educadora, e, mesmo que haja discussão no judiciário, gera efeitos também sobre a sociedade. É jogar a discussão pra sociedade. A lei tem função fática, mas o fato de existir é meramente educativo. É importante um legislativo com representatividade diversificada, porque se amplia o rol de discussão e as possíveis conseqüências jurídicas. No administrativo não, porque se faz primeiro, discute-se depois.
As críticas dirigidas à Sarah Palin têm natureza moral e ideologicamente minoritária. Seja pela teoria criacionista, pelo fato de ela caçar, ser antiaborto, não importa, existe uma premissa: tudo que ela faz e/ou defende é expressamente permitido pela lei. No caso do aborto, ser a favor, é ser contra a lei. E, neste caso, é sobre o fundamento dessa lei . E o que interessa ao político é a maioria. E é pra ela que ele volta sua campanha.