quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Vendida




Eu não engulo esse não posicionamento da Marina. Pretensão de se ver como terceira via, porque ela teve que dizer porque saiu do PT. Ela se disse insatisfeita no partido, abandonou o cargo de ministra do meio ambiente porque o PAC violava preceitos do direito ambiental e o governo oferecia fortes resistências à sua política ambiental.. Depois, elogia a Dilma com a porcaria do plano de metas ambientais, que disse que é o mesmo da Marina. Tentativa imbecil de achar que quem votou na Marina são apenas os "preocupados com meio ambiente". Não são, não. A Dilma reduzir o eleitorado, eu entendo, mas a Marina? Ela é uma pessoa que abandonou o partido porque este se perdeu ideologicamente, e, o governo do seu "dono" foi de encontro a princípios dela. Mesmo governo que tem feito uma campanha desonesta e injusta, cheia de golpes baixos, como violação de sigilo fiscal, de dados e do direito liberdade de imprensa.

O que posso eu, como eleitor da Marina no primeiro turno, achar de uma candidata que se submete, abstendo-se de apoiar um dos candidatos, a uma decisão do partido? Existe uma preocupação ambiental, mas existe também ética. Isto a afastou do PT e do ministério. Era clarividente que ela não apoiaria a Dilma, e eu penso ter sido um erro não ter feito isso de forma mais firme, opositiva, mas não a impediu de ter 20% dos votos. Decepcionante. Por um milagre, a Dilma perdeu o primeiro turno, todas as pesquisas erraram, o que embasa as acusações contra a idoneidade das instituições de pesquisa.

O problema é que, por si, o Serra cresceu, ganhando apoio do eleitorado da Marina, antipetista, óbvio, mas também porque ele já era segunda opção. Eu, por exemplo, votei na Marina , mas sabia que segundo turno, seria Serra. Ela mereceu meu voto, num primeiro momento, pela forma ética que defendia suas idéias, pelo programa e por demonstrar preocupações à frente do tempo hoje, como já expliquei. Aí, uma semana depois de ela comunicar que está em cima do muro, vem a polícia federal dizer que o grupo de inteligência da campanha pestista está ligado à quebra daquelas informações. Como já havia sido feito com o FHC, que a Dilma deu aquela chamada no Agripino Maia, quando ele disse algo do tipo "se mente na ditadura, quanto mais num Estado Democrático". E os boçais nos blogs aplaudindo e achando lindo. Aula de democracia. Bando de trouxas. Eleitor do PT é burro mesmo. Não sabe o que é direito fundamental. Não sabe o que é constituição, porque se soubesse, ficaria chocado com esse governo, com os posicionamentos e tendências antidemocráticas da Dilma. E a Marina finge que está morta, que vai votar em branco, ficando alheia a isso.

Pois eu acho que a gente, que votou na Marina, tem que se indignar mesmo e votar 45. Fazer o que ela deveria ter feito, mas não teve coragem.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Os Famosos e os Duendes da Morte


Bom, eu sou um daqueles que têm preconceito em relação a cinema brasileiro. E exatamente por isso que eu evito falar sobre, embora até assista com certa regularidade. Tem dois excelentes que vi este ano e de um deles, falarei hoje, um premiado, gaúcho. Trata-se de um tema delicado pelo qual passam muitos adolescentes, eu inclusive ainda passo por isso: o não cabimento na própria comunidade. Fala do Mr. Tambourine que fica na internet, fã do Bob Dylan, escreve poesias e vê seu destino espelhado num “cara estranho” que namorava a irmã de um amigo seu, que eram como ele. O filme tem uma fotografia sensacional. Tem erros de continuidade, aquele aspecto de cinema amador, mas tem um argumento sensacional. Foi dirigido por um garoto, de 27 anos, que fez um filme que, sensação igual, só tive com Gus van Sant, com o sensacional "Elephant" e com o "Paranoid Park".


O filme tem uma narrativa lenta, atuações muito boas, com pessoas nativas, que nunca haviam tido experiência em atuar. Sem falar na protagonista que não fala no filme, Tuane Eggers, lindíssima. Ela está na lembrança do protagonista. Ela tinha um blog na internet, onde exibia fotos sozinha, com o namorado, foto-arte, etc.


O filme narra fatos cotidianos, onde o telespectador vai se transportando, se identificando com o personagem. Nesta cidade do interior, tem uma população descedente de alemães, isolados, e uma ponte que tem uma grande representatividade: liga aquela cidadezinha do Mr. Tambourine ao mundo, que as pessoas, por medo e comodismo, não ultrapassam. Segundo ele: "foda é imaginar que do outro lado (da ponte) não existe nada". Uma vida que passa sem grandes acontecimentos gera depressão em alguns e a sensação de impossibilidade de ser feliz. Muitos dos habitantes da cidade tentaram suicídio naquela ponte e as pessoas tomaram como normal. O protagonista não, ele queria sair de lá pra ver o show do Bob Dylan. Queria uma aventura. Seus amigos de verdade , as únicas pessoas que o incentivam a sair de lá, são virtuais. Falavam-lhe que "triste é não poder viver do jeito que se quer".


E tem a mãe dele, viúva, que conversa com a cadela e a trata como se fosse uma pessoa, que chama o filho pra visitar o pai morto . Ele não vê sentido, não compartilha daquela vida. E aí que ele se aproxima do cara, namorado da irmã do seu amigo e este cara mostra pra ele uma visão diferente de quem cruzou a ponte evoltou . Ele vê que as pessoas não conseguem se desvincular. A mãe dele fala num momento "depois que seu tempo passar, você vai se dar conta de que seu tempo é aqui".


Enfim, é um filme com várias referências, com argumento muito bem trabalhado, cinema autoral, requer paciência, um diretor estreante, que, na minha opinião, se mantiver esse nível, vai ser um dos maiores do país de todos os tempos. E o filme foi baseado no livro, do cara, referência do Mr. Tambourine: Ismael Caneppele. O diretor: Esmir Filho.


E eu termino com a frase da semana, do Guimarães Rosa, que serve muito pro filme "A gente pensa que vive por gosto, mas vive por obrigação"

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E mudamos a história deste país


Resultado mais que positivo. Praticamente 20% pra uma primeira candidatura: Nada mal, Dona Marina! Adorei quando ela agradeceu aos “núcleos vivos da sociedade”. Que orgulho! Desestabilizou a votação, tornando-se ainda mais importante no segundo turno, porque Dilma perdeu no primeiro e está visivelmente frustrada. E todos sabemos que ela não soube fazer campanha. Não soube debater, manteve-se sempre distante cercada e afastada, blindando-se pela imagem do presidente. Ela não é uma candidata, mas uma propagandista. Temos aí umas 3 semanas pra acabar com a festa do oba oba. Eu sinceramente espero que esses 20% da Marina sigam a lógica de irem para o Serra. E veja ainda que teremos 9 estados disputando segundo turno com candidatos do PSDB, que não saiu por baixo, como sempre. Tivemos Alckmin e Anastasia arrematando em São Paulo e Minas que são estados aonde o Serra tende a dominar. Em Minas, deu Dilma, no Rio, deu Marina em segundo, com uma expressividade de 31,52% dos votos. Em vários estados, ela ficou em segundo. Nunca, na história deste país, vimos uma eleição que não fosse bipolarizada e me aparece uma terceira candidata, cujos eleitores podem desestabilizar a candidata do governo, favoritíssima em todas as pesquisas. Ver que todo empenho do Lula, com seus 85% de aprovação, não foram suficientes pra escrever a história, é sensacional. Por mim, já chega do dedo do Lula na história.

De volta pra guerra, Sr. Burns! É a sua segunda chance. Aprenda com erros anteriores e agradeça à Marina a sua salvação. O discurso pós apurações foi perfeito. Irretocável. Você é um candidato superior e agradeça seus votos do nordestebmas trabalhe no Rio Grande do Sul, valorize Minas Gerais e Rio de Janeiro porque o Nordeste é mesmo nossa África. Acho que o medo agora está com os petistas. Mal posso esperar pra ver os debates dos segundo turno. Não existe mais o Plínio pra fugir. Empenho, meu caro! OPOSIÇÃO!