quinta-feira, 29 de maio de 2008

6 X 5


E somente hoje, acabou-se a ladainha.

Ainda há esperança.

Amém!

Foi, antes de histórica, muito bem elucidativa a discussão. Principalmente, o voto de quem foi contra. E, pelos argumentos, chegou-se á profundidade de conflitos que há tempos o STF vinha se excusando de enfrentar.

Agora, sabemos que existem dois tipos de células-tronco: as embrionárias e as adultas. Estas últimas são encontradas no cordão umbilical, gorduras, medulas ósseas, sanguem da menstruação, líquido amniótico, etc. E são diferentes dos outros 216 tipos de células que as primeiras produzem, durante a fase de desdiferenciação embrionária. Os ministros contrários ao art. 5º desta lei (Lei nº 11105 de 2005), defendem que é necessária uma regulamentação e uma melhor fiscalização, a fim de que fossem realmente usados embriões que não pudessem gerar vida. E isto está muito bem fundamentado na ADIN também. O engraçado de tudo é que o Lula aprovou a lei e acatou à ADIN 3510.

Mas, enfim, o conteúdo discutido desta lei ataca questões conceituais de "vida". Daí a necessidade de se definir se é considerado ser humano na concepção ou no nascimento. Há uma discussão sobre isso no código civil, já bem antiga, que trata da personalidade. Ali, era discutido doutrinariamente aonde começam os direitos do ser humano, já que há possibilidade de aborto espontâneo, feto anencefálico ou do nascimento não acontecer. Por isso, se você considera que há vida no zigoto, vai existir direitos sucessórios, por exemplo. Foi um ser humano, herdou direitos e morreu. O STF, permitindo a pesquisa com células embrionárias, entra nesse ponto e retoma esta discussão.

Enfim, mesmo que estas células não possam gerar uma criança, são titulares de direitos? Ou ainda: se não é pessoa- porque a lei diz "nascer com vida"-, não tem personalidade, mas, mesmo assim, por que não há que se falar em embrião, mas ser humano embrionário? Isto em linguagem científica, inclusive. A CRFB protege a vida, mas não diz aonde ela começa. O mesmo faz o Código Civil, quanto à personalidade.

A intenção da lei é a melhor possível. Ela pretende enfrentar problemas cuja solução estaria no estudo e dominação da desdiferenciação celular. Mas, logicamente, a pesquisa com células-tronco é um prelúdio da disposição sobre material vivo, que a legislação penal proíbe. Mesmo depois de três anos, o processo de congelamento degrada o embrião, que gradativamente, irá perder a sua potencialidade vital. E isto defendem os cientistas que pesquisam, maseles não sabem as repercussões jurídicas disso.

E a lei¹ sempre pondera. Quando, por exemplo, excepciona o aborto pra salvar a vida gestante, ela pondera entre direito à vida do feto e o da mãe. Quem defende que a vida começa na nidação, tende a ser contra o aborto e à utilização das células-tronco. Quem defende estes últimos, não reconhecem direitos ao ser humano embrionário. E ainda causam uma nova discussão: da disponibilidade dos pais sobre os embriões A lei pressupõe isso: o não reconhecimento do embrião como ser vivo de fato, ou, pelo menos, não o vê como titular do direito à vida. E ainda não é suficientemente clara no aspecto conceitual do seu conteúdo.

Entretanto, parte do fato de os pais terem mais do que suficientes estoques de material genético, embriões, à fecundação e gestação na fertilização in vitro. Eles seriam congelados ou jogados fora. A lei entra pra que sejam utilizados pra pesquisas, desde que a partir de três anos, quando não serão mais viáveis. Mas aí trata da disposição da vida ou de material vivo.

Segundo o § 3º do art. 9º da Lei 9.434/97: “É vedado à gestante dispor de tecidos, órgãos ou partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de doação de tecido para ser utilizado em transplante de medula óssea e o ato não oferecer risco à saúde do feto”. É um argumento infra-constitucional.

Os ministros tiveram que discutir a fertilização in vitro, o que é vida, os conceitos científicos, etc. Mas o mais importante foi o paralelo com o que já é feito e permitido, desmitificando distorções conceituais. Há pontencialidade de vida apenas. O feto anencefálico não poderá "ter uma vida". Não tem cerébro. Não poderá ter personalidade, nem capacidade, nem viverá mais que minutos. O feto anencefálico passa por todos os estágios, mas não haverá maternidade, nem nascituro.

Foi a primeira vez que um Tribunal Constiucional tratou desse caso. É histórico. Foi preciso ponderar tudo: ética, religião, direito, filosofia, moral ,etc. E, também, enxergar a ponderação do direito á vida, da sua potencialidade e das possibilidades de cura aos que têm enfermidades, má-formações e aos que venham a ter.

Termino com duas citações do emocionante voto do ministro Ayres de Britto:

"De fato julgo, totalmente improcedente a presente ação direta de inconstitucionalidade. Não semantes pedir todas as vênias deste mundo aos que pensam diferentemente, seja por convicção jurídica, ética, ou filosófica, seja por artigo de fé. É como voto."

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo."

(Fernando Pessoa)

¹

Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:

Aborto Necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no Caso de Gravidez Resultante de Estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

* Votaram pela improcedência da ação os ministros Carlos Ayres Britto (relator), Ellen Gracie, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio e Celso de Mello.

Igualmente favoráveis às pesquisas, porém com restrições, em diferentes níveis, votaram os ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Cezar Peluso e Gilmar Mendes.


* E eles agora entendem: Dentro do útero, é vida, mas em potencial. Não necessariamente virá a ser uma pessoa, por isso, não se pode defender-lhes todos os direitos de uma. Isso é tão avançado.

* Não posso negar que mudei minha opinião em relação ao post anterior.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Células-tronco


Uma vez, eu estava lendo uma revista que entrevistava um grupo anti-pesquisa com células-tronco. Um deles tinha AIDS e foi-lhe perguntado se aceitaria tomar remédios produzidos a partir dessas pesquisas e, óbvio, ele disse que sim. Manifestar-se contra requer uma postura mais radical que isso. Soa como "não sou a favor de alimentos geneticamente modificados, mas gosto de pipoca de microondas". Se é contra, não coma. A natureza deste impasse é muito mais moral do que crítica. E moral não se discute. Entendo perfeitamente que um religioso, uma pessoa leiga, não sejam a favor, mas não se pode deixar de lado esta possibilidade. Retroceder por questões morais é negar algo que será útil à humanidade, inclusive àqueles que se manifestam contra. Lógicamente, que se deve criar leis pelo uso responsável, ético, para a fiscalização, repressão a crimes desta natureza, mas é algo de interesse mundial. E alguém fará em outro lugar, se aqui for proíbido. E tirar proveito de algo ao qual se manifestava contra, não é ético. E desse conformismo só virá o atraso.

Células-tronco são células que sofrem desdiferenciação, ou seja, o príncipio. Elas podem produzir todas as céluas do corpo, que realizam diferentes funções. Depois de tudo formado, elas deixam de realizar esta função. E as céluas dos tecidos só reproduzem células idênticas. Imagine o leque de possibilidades que se teria, se conseguissem fazer as céluas "normais" voltarem a desdiferenciação. Seria a solução para vários problemas como os amputamentos, a falta de órgãos para transplantes, combate ao câncer, a má formação, já nos fetos, de órgãos vitais, como o cerébro, alguns tipos de deficiência física, etc. É algo realmente esperançoso, e técnicamente viável. Conhecimento não pode ser renegado. É como no caso do bebê anencefálico: sabe-se que ele vai morrer, mas não permitem o aborto. Aí, a mãe tem que levar a gestação até o fim.

Essa pressão social toda não se justifica. Até porque a fertilização in vitro segue a mesma lógica. E não deixa de ser experiência, uma vez que é preciso tentar várias vezes pra dar certo, e muitos pais têm gêmeos. Isso já está tão resolvido, que não há argumentos contrários relevantes.Essas pessoas só pensam na possibilidade do antiético, de se produzir seres humanos a partir daquela célula. Como se isso, não se concretizasse independente da legalização ou não. É preciso que se permita as pesquisas, até pra que se efetive um controle.

Parece-me que, nesse caso ( das céluas-tronco), é mero exercício democrático de "ser contra". O que não deixa de ser extremamente egoísta e retrógrado. E de certo, a maioria não é de pessoas esperançosas e necessitadas dessa aprovação pelo STF hoje.

domingo, 25 de maio de 2008

Sobre o Festival de Cannes


Começo pelos méritos, a surpresa do curta "Muro" ter ganhado o prêmio de melhor curta. Dirigido por um garoto, de 25 anos, que antes ganhara prêmio da Prefeitura de Recife. Como deveria ser em regra. Os filmes brasileiros, de maneira geral, não estavam no páreo. Houve críticas negativas, inclusive, uma delas, direcionadas ao fato de só serem produzidos filmes de apelo comercial. Isso jogado na cara do despreparado Rodrigo Santoro. É risível essa imagem que a imprensa faz do Santoro, como crítico e inteligente, quando ele não passa mais um que vai fazer ponta em filmes estrangeiros. Nem discuto mais o talento dele, mas, por favor, né? , ele não sabe nem falar sobre o papel dele. É tido como referência para atores brasileiros, e fala que "as árvores do Havaí, parecem usar anabolizantes". Na verdade, ele quis dizer isso, mas disse outra coisa, e ficou com fama de burro. Nem talento, nem inteligência. Vai ver por isso, por falta destas referências, Meirelles e Salles vão procurar atores no exterior. Além do dinheiro, claro.


O festival foi fraco , não havia nenhum filme com grande potencial. Não há o que se esperar muito de um festival que, entre os principais selecionados, estão "Kung Fu Panda" e "Indianna Jones". O que apenas demonstra que os brasileiros concorrendo não estavam tão abaixo assim. Mas isto é exceção pra eles, os europeus. O europeu Saramago ficou comovido pelo Meirelles, com o filme "Blindness". Mas este não comoveu, nem em Cannes, nem a crítica alemã, que foi bem ácida. "Não era um filme para Cannes". Ué!, então, por que estava lá?. E ninguém vai a um festival só pra competir, sejamos honestos. Matheus Nachtergaele que o diga. Foi defendido pelo Santoro, estava se achando, mas caiu do cavalo quando, lá, as pessoas abandonaram as sessões e, ainda, tomou uma crítica da Variety, que rotulou seu filme como clichê latino-americano. É uma injustiça aos filmes argentinos, chilenos e mexicanos, que já estão bem a frente dos brasileiros.

Fica difícil mesmo, pelo menos pra mim, dar créditos a filmes brasileiros. Indicaram-me "Estômago", mas não pretendo ver. As pessoas, que ainda têm esperanças no cinema brasileiro, acham que não se deve criticar. Deve-se incentivar, assistir e falar bem. Isso é a ética do otimista. Mas sejamos sinceros: filme nacional é uma merda! Deprecia o povo, só trata das maracutaias, putarias, pobreza, violência. Sempre de forma genérica, não retratando, em nada, aspectos particulares da cultura brasileira. Comercializam desgraça e de forma apelativa. Eles sim, são antinacionalistas, não eu.


*Foto do Walter Salles, junto ao Vinícius Oliveira, promovendo o"Linha de Passe" que também concorreu. Tenho uma opinião positiva, e simpática, a respeito do Walter Salles, não consigo pô-lo junto aos demais. Ele excepciona, mesmo que tenha apelo comercial. Não nego isso, mas ele faz cinema com mais propriedade. Parabéns,pelos nove muitos de aplausos e, também, pela "Palma de Ouro" dada á Sandra Corvelone.


sábado, 24 de maio de 2008

Do cinema e TV no Brasil

Nesta semana, ocorreu o Festival de Cannes. O Brasil venceu com um curta, feito por um jovem de 25 anos, e teve a participação de vários brasileiros com filmes na concorrência: Fernando Meirelles, Walter Salles, Rodrigo Santoro, Vinícius de Oliveira, etc. E foi levantada uma questão, que diz respeito à defasagem do cinema brasileiro em relação à América Latina, Europa, e EUA.

Como telespectador, não me identifico. Acho
medíocre. E não é anti-nacionalismo, é uma questão de referências. Da forma como os cineastas abordam, pela visão preconceituosa, sensacionalista. Somos um país de povo otimista e de elite depreciadora. E é ela quem faz o cinema. Cinema é manifestação de arte e, também, uma forma de expressão. No entanto, está muito restrita tanto no acesso, quanto na profissionalização. A legislação é totalmente pró-elite. No sentido de que, pra ser ator, é preciso desembolsar um valor em torno de seiscentos reais por mês. O preço de uma faculdade, sem o reconhecimento como ensino superior. E há obrigatoriedade de associação (a um sindicato!). Sim, não se trata apenas de uma associação de defesa das categorias profissionais, de onde, normalmente, só é obrigatória a contribuição sindical. É de filiação obrigatória, com pagamento de anuidade e com requisitos objetivos que exclui grande parcela da população.

São exigidos: uma taxa de R$ 30,00 + Registro Provisório de R$160,00 e depois, um registro definitivo de R$110,00. E também é preciso, como requisito técnico, ter estudado em escola profissionalizante reconhecida. O investimento não é baixo. Nem simples. É cobrada uma anuidade que dá direito a serviços como atendimento médico , jurídico, etc. Mas sindicato não existe pra isso. Um sindicato" normal" recebe UM DIA de salário de contribuição. E isso por ano. Tendo uma importância crucial pra mediar acordos e propor normas coletivas. Aproximar os empregados aos empregadores, fiscalizar e
reivindicar direitos.

Lembra quando foi discutido se o sindicato teria ou não que ser fiscalizado pelo TCU? Então. Era por isso: pela contribuição obrigatória sendo associado ou não. No
SATED, a pessoa é obrigada duas vezes: a se associar pra exercer a profissão e pagar anuidade. Então, não existe não-associado contribuindo, por isso não há interesse público. Por isso, o TCU não fiscalizaria, embora haja necessidade de se prestar contas aos associados.

O SATED é uma
arbitrariedade legal, que completa 30 anos hoje , cujo objetivo é controlar o acesso aos meios de comunicação. Exerce (inconstitucional) poder de polícia. E visa o corporativismo. Evitar que não associados tenham visibilidade na TV. E vai contra os princípios do ECA, de proteção ao desenvolvimento físico e mental do menor, uma vez que legaliza atividade laborativa de menores de 14 anos, que, expressamente, em lei, têm contrato nulo. Mas no caso do artista, não, pode faltar escola, trabalhar 8 horas gravando, que, ainda assim, terá direitos trabalhistas. Como se ético fosse.

Um outro fato, é o caso de o sindicato ser inócuo a grandes celebridades, atores e atrizes brasileiros. Por exemplo, a Ivete Sangalo foi vetada de participar de um dos programas da Globo. Foi exigido dela que tivesse comprovada experiência e curso especializante, uma vez que ela tiraria a vaga de um ator sindicalizado. E ela fez. Suzana Vieira é atriz conhecida, mas tem personalidade jurídica. Como pessoa jurídica, ela não é trabalhadora, ela presta serviço. Não é relação de trabalho, mas de consumo. Não se aplicam as normas trabalhistas, mas as do CDC. O que o sindicato quer, é obrigar a contribuição. A Ivete, como a Suzana. faria os cursos reconhecidos, contribuiria com a anuidade, registro mesmo não tendo a profissão de atriz como sua fonte de renda, mas um hobby. E por sua fama, ela continuará tirar um trabalho de alguém que é profissional, porém, menos notório. Em termos práticos, não diferencia em nada a realidade dos atores sindicalizados. Só reforça o predomínio do interesse do sindicato sobre o interesse de seus representados. Exigir a sindicalização da Ivete Sangalo é enriquecer o SATED, não defender o ator sindicalizado.

Infelizmente, exemplos assim, no Brasil, não são raros. Mas esta é uma questão jurídica que reflete sobre a visibilidade da arte brasileira. Não existe
ética na sua estruturação. Existe, de fato, uma valoriczação do dinheiro em detrimento do talento. As leis valorizam mais o que dá dinheiro, lucro a particulares, do que o interesse público.

E isso tudo se reflete diretamente na distribuição. Em vez de se fazer uma
licitação em cima de projetos, valorizando as artes, privilegia-se pessoas. E, da mesma forma que o exemplo da Ivete, lá em cima, não é quem tem talento e competência - merecedor- que será agraciado, mas quem tem notoriedade. Exemplo atual: O Chorão faz um filme medíocre, com roteiro dele mesmo, recebe milhões em dinheiro público, sob nome de "incentivo". O filme dele é distribuído, ele concorre a prêmios, ou outro menos pior, mas de mesma natureza. Mas não alguém com talento e inferior notoriedade, fama. Porque não venderia.

Aqui são alguns argumentos da minha
não-identificação com a ética do cinema e representação prossional dos artistas brasileiros. E, pelo que eu vejo, sai perdendo a arte, e ganhando a picaretice.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

"A pequena fábula"


"Ai de mim!, disse o rato, o mundo a cada dia fica mais estreito, anteriormente era tão imenso, mais imenso foi o medo que me fez correr, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que eis-me já no fim do percurso, vendo a armadilha ao fundo em que irei cair. "Você deve apenas mudar a direção", disse o gato, devorando-o".

(Franz Kafka).


"Mudar a direção" quer dizer deixar de fazer algo pra seguir os conselhos de alguém. É tão importante, o senso crítico. O pensar com a própria cabeça e ser (e ver-se) responsável pelos seus próprios atos. "Eles pensam igual e ainda não me modificaram". Se eu ainda tento modificá-los, sou diferente, idealista, mas nunca vítima.

Soledad


Soledad , é esta a Maria por trás das informações por quais a Dilma Roussef tem tanto interesse em descriminalizar. "Não são informações sigilosas, mas reservadas", ela diz. Informações tão enfaticamente direcionadas aos gastos com festas, carros alugados e champanha, pra mostrar que o ex-presidente era um fanfarrão. Ele já explicou que não, que esses gastos foram devido à posse, em 99, e pediu pra pararem com essas baixezas. E fez mais: propôs um grande debate nacional. Nada mais democrático, nem uma atitude mais elegante, poderia se esperar.


Mas parece que o discurso da Dilma sobre as torturas e mentiras -de que ela se orgulha tanto em saber contar- foi mais marcante. Ela pretende lançar-se à candidatura presidencial e foi beneficiada por esse ato. Tarefa que foi delegada a seus funcionários que ela tanto procura defender com suas teorias sobre direito achado na rua. E não é por solidariedade. Alguém teve interesse nessas informações, ilegais, e não foi a Soledad. Ela cumpriu ordens, foi solidária. Mas pelo crime, solidão mesmo, quem sente, é o José Aparecido, o único indiciado no inquérito da PF.


Deste inquérito, sairá uma ação civil pública, por improbidade administrativa, e uma ação penal por crime contra a Administração. Não acredito que o nome da Dilma aparecerá, mas tenho curiosidade de saber quais métodos ela usará pra isso. Porque, depois daquele discurso frente ao Agripino, e pelas atitudes dela diante desse caso, ela é bem solidária à violação de direitos fundamentais. Seu idealismo, de outrora, já foi pragmatismo e agora, é conveniência. Como o da Soledad e do José Aparecido, que deram a cara a tapa e vão responder por um crime de interesse dos outros. Cederam.


Já sabemos de onde saiu, quem fez, mas não sabemos o principal: pra quem e pra quê? Bom, já temos certeza, mesmo "sem provas", de quem gostou da estória: Dilma, aspirante a Hillary tupiquiniquim. Provavelmente, sairá ilesa, tornando-se, quem sabe?, presidente. E ainda reclamam da impunidade penal para assassinos, ladrões, etc., pelo tempo pena e esquecem-se da impunidade política, que, além de não haver condenação, é premiada.


*Já vi que até o fim do governo Lula, não sai meu concurso pra PF. Ele parece não gostar da PF. É compreensível.

** Quadro de Arlette Heiser. "Soledad"

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sobre a crise dos combustíveis


Sou completamente a favor da política dos biocombustíveis. Não é o ideal, mas é o certo a se fazer. Só que, obviamente, esbarramos no problema dos monópolios. EUA e Brasil são os maiores produtores de etanol do planeta. O primeiro o extrai do milho e, o segundo, da cana. E ambos os países detém também a exploração do pretróleo, que eles consomem. São auto-suficientes.

O Brasil pode, como dizem, não ser digno de entrar pra Opep. Mas, nem tão pouco, é dependente dela. Tem a quarta maior empresa do mundo que também está envolvida no comércio de etanol. E ainda temos a política de carros flex. Tudo suficientemente favorável à redução do preço do petróleo, do qual a maior parte do mundo ainda é dependente. Por isso, a Opep não baixa os preços.E além de aumentá-los prasabotar a concorrência, legitima isso ao estilo da fábula "O Gato e o Galo " de Esopo. Falam que o etanol é responsável pela alta de alimentos no mundo. E a França endossa. Os europeus também queriam produzir biocombustíveis, mas não têm espaço. E isso, o Brasil tem de sobra.

E essa crise dos alimentos tem dois fatores que o Al Gore já disse que aconteceriam: o crescimento populacional, principalmente da China, e os problemas ambientais. A Austrália está com uma seca que prejudicou a sua produção de trigo. O terceiro fator é justamente a alta do petróleo, porque o transporte depende dele. Só que o petróleo, indiscutivelmente, é um problema. Então, é isso que a Opep faz: joga a culpa no etanol, encontra apoio da UE, que também já gasta muito com etanol, mas não pode produzí-lo - e quer investir em outros biocombustíveis-. A questão dos alimentos é bem secundária. Pelo menos quanto a isso. Porque, num mundo onde muita gente passa fome, falar da falta de alimentos comove. Só que, no Brasil, o etanol não tira terras da agricultura, que, inclusive, está em constante crescimento. Pode ser um problema para os americanos, porque milho é alimento.

Quem produz petróleo, não se preocupa com a falta de alimentos, nem com o ambiente. Quem utiliza etanol, quer uma fonte alternativa pra obter lucro, e não continuar tão dependente de petróleo. Então, a guerra etanol x petróleo não tem nada a ver com a crise dos alimentos. É um fato que não os preocupa, mas uma "desculpa". Desculpa que busca sempre aliar convêniência e oportunidade.

Diante disso, confirmamos o quanto a questão da valoração da vida humana é irrelevante para a comunidade internacional. Se pessoas morrem de fome, resolve-se uma crise de alimentos, por consequência, aumenta-se a produção de biocombustíveis, diminui-se o preço do petróleo e a poluição com CO2 na atmosfera. Resolve-se o problema do ambiente. Se diminuir o etanol, o preço do petróleo baixará também, e por conseqüência o dos alimentos. A alta é pra controlar o mercado e derrubar o etanol, mas o ambiente sai em desvantagem.

Não importa se você está do lado do etanol ou do petróleo. Se um ou outro ganhar, não implicará na resolução do problema de quem tem fome. Nem as organizações internacionais se empenham nisso. Então, a quem não tem quem olhe por si, só resta contar com Deus.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A Hora da Estrela


A vida tem dessas coisas: de você ler um livro e tentar se identificar com os personagens. E eu li o livro da Clarice e tentei me ver ali na estória. Bom, a Macabéa é uma projeção do autor (personagem masculino que narra a estória). E é retratada da forma que os outros a vêem. Como uma pessoa medíocre, sem ambições, uma pessoa que representa o nada. Ela é o contrário da sociedade, ela é a pessoa que se satisfaz em ser ela mesma e não questiona sua existência. Ela simplesmente existe. O narrador - e a própria Clarice- resiste ao que a sociedade prega como válido: a riqueza, um título, um cargo político, que, não necessariamente, as pessoas sabem o que é.

E partindo do não saber, vemos a importância da visão em 3D. Macabéa não queria ser mais, não tinha a visão à frente, mas questionava o que estava perto. Ela não entendeu o nome do Olímpico, o namorado galanteador e orgulhoso do próprio nome. e perguntou o porquê quando ouviu. Desarmou seu dom político de quem não diz nada, por ela se prender à literalidade das coisas. A única referência cultural dela era a rádio-relógio. "Cultura, é cultura, ué".

Quando o namorado termina, ela entende, e ri por não ter se lembrado de chorar. Ri dela mesma. E o ele pensa que foi por nervosismo. E ainda a troca pela amiga dela, porque é gorda, por parecer ser boa mãe. Tal como a sociedade machista, do homem escolher a mulher e ela, pensando que sabe o que quer, na verdade, se submete a ele.

E daí, dentre vários aspectos, fica clara a intenção de que a Macabéa não pensa na morte. Não vê sentido em ceder como os outros cedem: o namorado, ao desejo de ser deputado e ser chamado de doutor e, pra isso, rouba tudo que pode dos outros; a cartomante, ex-prostituta e cafetina que "deu o que era dela" e especializou-se em enganar as pessoas pra ter riqueza e ostentá-la; a amiga feia que lhe rouba o namorado por (querer) achar-se bonita, atraente e desejada. Ser o que não é, roubar e enganar os outros -ou a si mesmo- pra ser alguém perante a sociedade. Ela resiste a tudo isso desde quando nasceu e quando finalmente cede ao mundo, ela morre.

Agora, me posiciono. Não tenho ambição por grandes coisas , mas tenho. Não tento entender a minha existência, mas procuro fazer com que os outros me entendam. Nunca me preocupei com meus próprios argumentos, mas com o que as pessoas tenham a dizer. Em determinados momentos, também vejo a verdade sozinho, vinda de mim mesmo. E reflito sobre ela. Tento até compartilhar o que sei com os outros, mas sou visto como a Macabéa: um nada, sem importância.

A questão, pra mim, é a oposição, que veio com idade, entre ser pragmático e idealista. Sempre vejo as coisas assim primeiro. Ou eu sou o que eu sou e tento entender o mundo, fazendo com que ele me entenda; ou eu cedo a ele, e passo a ser o que ele espera de mim. O certo ou o fácil?

Talvez aí esteja o sentido da existência que a Clarice quis transmitir. Pelo menos pelo que eu entendi. Quando você se espelha no mundo pelo que te falta, ou, pelo que ele espera de você, você até pode sentir-se satisfeito, mas, na verdade, terá abandonado sua essência, sendo modificado por ele. E o ser, com o sentido de existir, está na diferença. Desta forma, o mundo te percebe, ainda que o rejeite. Seguindo a tendência, tendo seu referencial a partir do que os outros querem que você seja, você se tornará um igual. Isto é o mesmo que deixar de existir, embora, esteja vivo. E morrerá como se nunca tivesse existido.



* Essa coisa da complexidade das moléculas, da célula que integra o corpo. Das palavras o texto. Uma metáfora que quer dizer que ser igual a sociedade é integrá-la, formando um sistema. Uma célula, para um corpo, não significa nada. Ratifica a uniformidade. Mas um corpo estranho, até menor que uma célula, mobiliza tudo , pra ser atacado e expulso dele. Por isso, a sociedade ataca o diferente, pra evitar que ele se multiplique e se fortaleça.

sábado, 17 de maio de 2008

"Uma verdade inconveniente"


Eu vi o filme do Al Gore. E passei admirá-lo, porque antes não sentia nada. Não fez esse documentário para aparecer. Ele tem feito isso a vida toda. E dá palestras, fala que não sabe mais o que fazer diante de tanto esforço (de tentar explicar tão claramente) , e ainda sentir-se na parte que menos contribui. São pessoas assim que realmente comovem. Não importa se você concorda ou não com que elas pensam, mas elas merecem ser ouvidas. E ele fez competentemente. Não há qualquer outro ângulo que eu ache que não tenha sido abordado. A única coisa que martela constantemente é : " e se ele tivesse sido presidente?".


O conteúdo do documentário em si não tem nada de novo, exceto fotos e dados de estudos recentes. Nada que desmentisse ou alterasse o que já se sabe do problema. E o ceticismo é enfrentado. Não sob o ponto da falta de informação, mas da contradição da informação. Diante dos fatos, 0% dos estudos científicos discordam, mas 53% dos artigos populares (jornais, artigos não científicos, revistas, etc.) discordam. Querem confundir as pessoas. Transformar os fatos numa teoria. Eles querem dizer que o aquecimento global e suas conseqüências não são fatos, mas uma possibilidade teórica. "Disseram o mesmo sobre o cigarro, você se lembra?”. Realmente. Falavam que não dava câncer, que possibilidade teórica, sobre o que poderia acontecer. Até morrer um monte de gente.

E já estamos caminhando pra 9 bilhões em pouquíssimo tempo. Fomos de 2 pra 6 do fim da 2ª GM pra cá. E as geleiras que alimentam rios, estão derretendo, e os alimentos diminuindo. Ele relaciona tudo isso e fala da perseguição aos cientistas que tentam alarmar. Só pra você pensar.


A solução é simples: evitar utilizar-se de aparelhos que emitam gás carbônico. Use os elétricos que são fontes alternativas de energia. Não precisa ter menos filhos, mas, se você contribuir com pequenas coisas, é possível voltar ao que o planeta era na década de 70.

Ele dramatiza um pouco. Mas não pra fazer você ter medo. E não se faz de mártir, "o grande homem". Só tenta a mobilização e fala que :"Olha, alguns estados da América estão se engajando. Só a gente e a Austrália que não ratificaram o Protocolo de Kyoto". E dá uma sutil lição de moral:


"É difícil fazer um homem entender, quando seu salário depende do seu não-entendimento".

Pra ele, isso não é um problema político, mas um problema moral. Ele quer que as pessoas entendam e assimilem uma responsabilidade de contribuir com o planeta.


E ele dá o site pra que você se informe melhor. E só pede pra que você pense, e veja o que você pode fazer.

Uma estrelinha pro Al Gore. Sensacional!

"Uma verdade incoveniente". Foi o que eu aprendi com as professoras entediadas.
Ontem, minha prima me pediu pra que fosse à apresentação da Manu na escola. Era uma espécie de exposição dos trabalhinhos dela. Fomos o pai da menina e eu. Ela nem ligou muito pra mim, mas impressionante a facilidade dela pra conversar com as pessoas, interagir, apresentar o pai pra todo mundo. E nada para as coreografias para as quais ficara dias ensaiando. Ela pára e fica no meio dos outros.

Sobre "o evento", não se tratava de uma exposição. Era uma espécie de dia de conscientização do meio ambiente. Com textos, teatrinho, coral, apresentação de números das crianças, maquetes feitas pelas do ginásio, e de um filme, "Uma verdade incoveniente", do Al Gore. Muito legal, por sinal, mas diante de tanta coisa apresentada pelas crianças, o tempo de filme foi reduzido a uns 15 minutos. E um cartaz que era um desenho do planeta Terra, como desenho das máscaras do teatro: metade riso - com árvores- metade triste - com chaminés-. E colorido com tampinhas. As professoras fizeram uma arrecadação de tampinhas. Uma gincana. Tirei fotos da Manu, da apresentação dela, vi o filme, tudo. Alguns poucos pais, o pai da Manu, eu e um monte de mãe que tiravam fotos de tudo.

Não havia muita conscientização não. Essas apresentações de escola são, de fato, sacais. A gente se comove pelas crianças, que dão uma importância tamanha aos diálogos, decoram, ficam nervosos, orgulhosos de si. Mas da parte das professoras, havia mais tédio que das mães. Tanto que nem teve nada que tratasse especificamente da reciclagem. A não ser o cartaz do planeta terra de "champinhas" como dizia a professora. Cartaz que já deve ter sido jogado fora. Nada de sofá de tampinhas, nem de armadilha contra o mosquito da dengue, etc. E treze mil tampinhas de plásticos, que sabe-se lá o quê será feito delas.

E disso conclui-se: sabe-se o que se tem que fazer, mas não se sabe como.

Quatro horas de"evento" que, nas fotos, ficaram sensacionamente memoráveis.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Tem determinadas coisas que, francamente, são impossíveis de discutir com qualquer pessoa. O "pacote impunidade" é uma delas. As pessoas estão mais preocupadas com o punir que com o prevenir. Aí, fica inviável, o Direito Penal Mínimo competir com o direito achado na rua.

A Câmara, super-satisfeita, aprovou o projeto de lei que acaba com o segundo júri. É o que eles acham que podem fazer pela Isabela, acalmar o povo furioso, conseguir votos, etc. Dar -o legislativo- uma satisfação da sua revolta à altura do povo. E estar à altura do povo, neste caso, requer despir-se de qualquer senso de razoabilidade.

Não interessa se a lei dá brechas ou não. Fato é que quem tem uma defesa competente, consegue se safar. O segundo júri seria uma segunda oportunidade justamente pra quem não tem. A presunção de inocência vai até o transitado em julgado. Então, enquanto houver processo, haverá presunção. Pra muitos, a primeira instância é a única chance. Pra quem pode, o céu é o limite.

Nem vou falar dos clássicos exemplos que comprovam que a criminalidade não baixa diante de uma maior gravidade das punições, que medidas como essa só contribuem pra acentuar as desigualdades entre quem pode e quem não pode pagar por um bom advogado, violam a ampla defesa, vão contra a justiça, etc. São argumentos já bem - e recorrentemente- explanados.

Esses casos, que a imprensa gosta de explorar com bastante sensacionalismo, aniquilam a opinião pública e tornam o senso crítico refém da ignorância. E dá nisso: quando a esperança é ver o Direito punir quem realmente oferece perigo à sociedade, a gente retrocede diante do estado democrático. Os legisladores, que votaram a favor, deveriam ter aulas sobre isso: as bases do Estado Democrático e dos direitos fundamentais. São representantes do povo e disciplinam o direito, a sociedade, têm que saber muito bem sobre isso. O Estado está acima de nós. E é de todos, inclusive, dos que cometem crimes. E se a lei lhes dá um direito é porque, se não houvesse, o Direito não cumpriria com seu dever de justiça, nem com os princípios do Estado Democrático. Não se mostraria eficaz.

Nossa política criminal tem, como função precípua, a ressocialização e a educação. E isso existe porque o Estado também é responsável quando um crime é cometido. Sua função também é evitá-lo, repreendê-lo. Se não o faz, contribui para que ele aconteça. E o endurecimento da punição e, como neste caso, a restrição à ampla defesa, seria uma satisfação social apenas. E em detrimento não só de um direito fundamental, príncipio do próprio Estado, mas também à dignidade da pessoa humana, em que ele se fundamenta.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Quanto vale um chinês?

Eu estou acompanhando as buscas, todas as notícias que tratam desse terremoto na China, e fico impressionado com as condições às quais os chineses são submetidos. O terremoto foi grave, mas 50 mil pessoas? Não foi só o terremoto.

Há muito tempo que se vem denunciando a precariedade das condições desse povo de 1 bilhãode habitantes que só pensam em sair. E, para isso, se submetem ás mais bárbaras humilhações e degradações. É muito triste. Estima-se que 50 mil pessoas em condições precaríssimas morreram. A vida chinesa, para o resto do mundo, parece que vale menos. Ninguém se indigna com isso. Matam chineses no Tibete, o mundo todo fica do lado do Dalai Lama. Não sei se isso é resquício do marcatismo, do ódio ao comunismo, que o vejam como representante da miséria. Vai saber o que se passa na cabeça das pessoas. Porque, se morre um italiano, um alemão, um espanhol, todo mundo se preocupa, porque eles estão se extinguindo, quanto à identidade. Tem mais italiano que nasceu fora da Itália do que dentro. Mas parece que as pessoas vêem que chinês morrer, não importa, porque não repercute estatisticamente. E isso é abominável.

Quando se fala da China, as pessoas lembram da muralha, dos (excelentes) filmes chineses, do comunismo com abertura ao mercado, do dono da pastelaria da esquina, mas se esquecem de que a maioria da população vive na miséria. Que é muita gente mesmo. Todo mundo fica rico na China, menos o chinês. Todo mundo se comove com Cuba, mas com a China não. Não é bem assim. Eu acho, seriamente, que isso deixou de ser um problema só deles há tempos. E o resto do mundo deveria se mostrar mais solícito e menos interessado em lucros e em suas próprias crises econômicas (e nas do vizinho).

E não é só hoje. Eu me lembro de quando estudei a Segunda Guerra, quando o Japão lançou bombas de armas químicas, biológicas- em fase de teste-, ninguém (autoridades internacionais) se comoveu convincentemente. A vida chinesa resiste, mas tem hora que não dá. Porque é ser humano e, por mais que ele busque superar limites, não dá pra sair sem seqüelas, ou manter-se forte a desgraças que quando não são consecultivas, são recorrentes. E pior: quando não vêm do ser humano, vêm da natureza.

A Alemanha tem que pedir desculpa aos judeus, Os EUA ao Japão, a Inglaterra à Irlanda, o Brasil ao Paraguai, etc. e à China? Todo mundo a quem se deveria pedir desculpas, se reergueu. Á China, nem desculpas, e os chineses vivem do jeito que vivem. A miséria dos chineses não comove - nem é menos lucrativa- como a africana. Pelo menos para comunidade internacional.
E parece que vem mais uma desgraça depois desse terremoto.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

"Highway is for gamblers..."


Eu estou passando por reformas. Em sentido denotativo e figurado. Minha casa está em reformas, eu estou em reformas internas. É engraçado isso. Algumas pessoas não entendem as nossas escolhas. Não acreditam que, em determinados momentos, estamos introspectivos, na expectativa de dar uma guinada na vida, depois de de uma brecada - no meu caso, de quase três anos -. Por que não está namorando? Por que não está saindo? Por que não está trabalhando? Como se houvesse obrigatoriedade de se dar satisfações ou fazer o que todo mundo faz. Isso quando já não olham com aquele olhar de desdém. Por um lado, é boa essa diferença, porque eu mesmo me sinto cercado de um monte de banana. À medida que eu vou conhecendo a maioria das pessoas, eu vou achando-as idiotas. Até acontece de, primeiro, interessar-me por elas, mas, depois, constato que são assim.

Minha irmã, uma vez, me disse que eu não passaria num concurso por ser arrogante. Eu até acho que sou - um pouco, hehe!- mas acho que tudo é uma questão de convívio. Eu me mostro como sou e como penso. E minha visão até se baseia, em parte, nos outros, mas é minha. E isso não agrada, porque eu sempre saio da uniformidade. Só manter-me- ei junto a ela, por algo inquestionável, senão me retiro, por falta de sentido em continuar. Ser arrogante não é requisito que desabona uma aprovação. É algo que ela deseja pra mim. Ela acha que sou arrogante, e, por isso, não mereço passar. Pode acontecer o que ela deseja, posso ser arrogante, mas nada disso depende da sua vontade. Sou diferente dela, e a vejo como as bananas que citei . Aí, não por arrogância minha, mas por ela ser como é, ou seja, uma escolha dela.

Confesso que, em muito do meu dia, fico inerte. Não estudo como deveria, fico de saco cheio, desanimado. Digo sempre que estou ótimo, estudando bastante e às vezes me sinto de férias. Não estou feliz, mas também não estou triste. Brinco dizendo que estou na fila da esperança.

É uma fase; não dá pra fugir. Tudo se resolve e no fim sempre dá certo. O único jeito é tirar o melhor dela e apostar em si mesmo.

*Sei que o título ficou cafona, mais parecendo blog de ator global, mas é que essa música do Bob Dylan é tão legal e eu a estava ouvindo na hora em que escrevia o post. Tem muito a ver comigo, com o que eu diria a uma "ordináriazinha" aí, por quem eu faria qualquer coisa, e cuja reputação está uma boa merda hoje.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Um apólogo

"Um apólogo" é o nome de um dos contos do Machado de Assis. Trata-se de uma fábula entre uma linha e uma agulha que discutiam quem era mais importante. A agulha dizia que, graças a ela, os cortes de tecido viravam vestidos, abrindo os caminhos para a linha emendá-los. A linha dizia que ela o mantinha inteiro e ela ía para as festas nos vestidos das madames, conhecia o mundo e a agulha voltava para sua caixinha de agulha, para fazer novos vestidos. Aí, um alfinete diz à agulha:

"— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. "

O conto termina com o escritor, contador, levando-o ao professor que lhe diz: "Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Tem gente que vive só pra aparecer, uns poucos conseguem. - não querendo isto dizer que mereçam - . Outros se iludem pensando no que são, e relacionam a felicidade à ignorância. E quando se diferenciam dela, sentem-se satisfeitos, mas não passam de top top da massa de manobra. Estes é que me preocupam, porque eles são os alfinetes.


Na mnha estória, não há protgonistas. Até mesmo eu sou apenas narrador, que também é personagem. E quando não agrado na estória dos outros, espontaneamente, retiro-me dela. "Seria a agulha uma arrogante metida a inteligente?". Pra linha ordinária, sempre será. E feliz, a linha não acha que uma agulha seja capaz de ser.E sequer poderia dizer o que lhe viesse a cabeça:

"— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar (de insuportável)? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros."

De resto, estou sempre à procura de quem vale à pena, e, alguns poucos, consegui recrutar aqui. Sempre com critérios , e a ignorância não é meu referencial.

- Achou pouco?


Então, porque aqui é espaço da agulha e não faria sentido estar a linha ordinária. O mundo todo já é dela.

*Na dúvida se já é de domínio público, faço as devidas referências a Machado de Assis, o mulato sabido de Oswald Andrade.

domingo, 11 de maio de 2008

Reflexão do dia


Da mesma forma que ao tomarmos conhecimento do funcionamento das coisas, vamos criando um juízo crítico, aqueles que não conseguem ou não querem ter tal percepção, vão cada vez mais sendo massacrados pela visão distorcida das coisas. Eu digo em relação à imprensa, às notícias, ao tipo de enfoque que se dá às coisas inúteis. Acaba-se, com isso, se sobrecarregando os dois lados: o interessado na falta de informação e o outro que consome pela pura falta de opção.

A cultura hoje é vista como um feitiche. Uma exclusividade de poucos que tiveram acesso a uma boa educação e que se utilizam dela apenas pra ter status. O status do indivíduio para a sociedade acaba sendo uma diferenciação que ele tem de si mesmo diante dela. A cultura o diferencia, o dinheiro o diferencia. A cultura está associada ao dinheiro e você é aquilo que a sociedade pensa de você. A reputação tem mais valor que a personalidade.

É muito triste, você, com pouco, conseguir se virar pela falta de grana, ou compensar determinada dificuldade, e ter que falar sozinho na rua, pensar com você mesmo, parecer um maluco, nerd, porque não tem ninguém pra conversar, discutir. Ninguém com uma boa argumentação pra te enfrentar, ninguém que entenda suas ironias. Os outros não o entendem e você acaba se sentindo idiota. E você não vai dizer pro mundo que ele é patético.


Acabamos por viver acuados. Cercados de gente patética, de inutilidades, de futilidades trazidas pelo dinheiro, de ridicularidades a que muita gente - que tem discernimento e opta por ser bitolada- se submete só pra aparecer na mídia. Ser notícia, ter um diferencial, ser elite. Uma (de)gradação.

A pior forma de depreciação do ser humano é esse culto à mediocridade. É sinal de ausência de referências. Faz com que aqueles que têm uma percepção menos turva das coisas, sintam sua existência como um desperdício no meio de tanta coisa patética que é valorizada.

Carta à socióloga

Acho que é o fim da socióloga na minha vida. Talvez mencione se ela me responder, mas acabou-se tudo! Apenas queria que ela entendesse que ela está trazendo o passado para a realidade que ela vive agora. E está concordando com outro tipo de violência cometido agora.

Em defesa às acusações feitas por você no blog


Eu sou o Fábio dos posts escritos em relação à Dilma no blog. Vim aqui tentar explicar o que eu quis dizer e responder a duas acusações que você me fez. A primeira, de que eu era defensor da ditadura (e estava usando o Agripino como escudo) e, a segunda, em relação à Sociologia, onde eu relacionei o seu raciocínio à ciência.

Quando eu vi seu post mencionando o discurso da Dilma, a primeira coisa que eu pensei foi: “não acredito, que ela não percebeu que a Dilma SÓ queria desvirtuar o assunto”. Foi demagogo demais. O que aconteceu foi que o Agripino queria sutilmente (mesmo sem capacidade intelectual para tanto) atacar o discurso dela. Dizer que ela era mentirosa e hipócrita. Do tipo “se você mentia num regime ditatorial, imagina num regime democrático”. O que ela, de fato, tem feito é tentar descriminalizar esse vazamento de informações. Primeiro, foi dizer que não era crime obter as informações. Agora, não sei se você viu o JN de ontem (dia 9/05), ela está sustentando que as informações têm validade. Só não podem ser levadas a público as informações sigilosas do ATUAL governo. Lembrando que os gastos pessoais do Lula não foram abertos.

Quando mencionei os direitos fundamentais, eu disse que era sob o aspecto conceitual. O Agripino verbalizou o fato de a Dilma - ressalte-se: na condição de agente político - estar envolvida no vazamento de informações sigilosas (que objetivam resguardar o direito, fundamental, de intimidade) e mentir, sabendo que oprime um cidadão e se trata de crime contra a Administração. E isso feito num Estado Democrático que, além de ter os direitos fundamentais como princípios, prevê uma série de garantias a eles. É a base do sistema. Ele não discutiu os direitos fundamentais, mas a violação deles. De forma subtendida. Com a Dilma no outro lado.

Quanto à tortura, no regime ditatorial, não havia garantias, a sociedade não se manifestava, e aquilo NUNCA foi feito camufladamente. Todos sabiam e aceitavam. Por mais odioso que fosse. A tortura era um meio de arrancar confissão e informação. Violava direito à vida, expressão, integridade física, entre outros. Ainda mais depois do AI -5, que suspendeu o HC, o Congresso, etc. Existia o direito, não existia a norma garantista. Não havia eficácia jurídica, nem social. Dentro do regime ditatorial, isso não era incoerente, porque ele foi iniciado num golpe de estado, que suspendeu o congresso, dava poderes ilimitados aos militares que governavam. Era uma calamidade, guerra civil. Terrorismo de esquerda e de direita. Na ditadura, não tinha direitos humanos. Nem de fato, nem de princípio. Ser democrata, era ser criminoso, porque não havia direitos políticos,nem possibilidade de qualquer reunião. E não havia controle do Executivo.

O que eu ressalto disso é que, embora existam diferenças óbvias entre os dois regimes, a ética da Dilma mudou. Ela mudou de situação e de referencial. Valeu-se de uma posição junto ao Estado, pra obter privilégios pessoais. E isso tudo às custas de um dossiê, ilegal, violando direitos fundamentais de intimidade, além de outros crimes contra a Administração. Para um estado democrático, isso é gravíssimo. Viola seus princípios. E aí que descamba. As pessoas querem raciocinar em relação à tortura na ditadura, com o pensamento democrático, e querem sopesar direitos. "Tortura, na ditadura, é mais grave que a violação da intimidade no estado democrático". Não é bem isso.


Num estado democrático, valer-se de uma posição junto à Administração pra violar direitos fundamentais de outrem, sabendo que, por ser agente político, é salvaguarda da proteção de tais direitos, isso sim, é agir com violência. E não é o congresso questionando o Executivo? Então para o nosso ordenamento atual, tem a mesma natureza que a tortura.

Eu sou tão defensor do sistema democrático, que fico revoltado com a atitude da polícia, promotor e juiz no caso da Isabela, no estímulo à barbárie. Em como, neste caso, o Estado tem sido incentivador , junto com as imprensa.

Também chega a ser chocante a opinião de algumas pessoas no blog. Tanto pela falta de conhecimento, quanto pela falta de respeito, de procurar entender a opinião a ser criticada. E isso inclui uma advogada que teve erros primários. Conceituais.

Quanto ao fato da sociologia e seu raciocínio, não é apenas em relação a você. Todos os sociólogos que eu conheço são assim. É uma opinião e uma constatação. Eu percebi que, em muitos casos, eu acompanhava seu raciocínio até determinado ponto. A gente concorda sobre o “ser”, mas o “deve ser”, você não enfrenta. Você é pragmática. Você pensa na realidade, no problema, mas não propõe solução. Você não vai nas conseqüências.

Por exemplo, no caso da educação, você fala que o problema é a diferenciação de certificados de ensino superior e eu digo que não, que se trata de uma conseqüência da diferenciação do segundo grau. Você, então, fala que eu estou deslocando o problema para o segundo grau. Que ensino superior dá um up na vida do indivíduo e é fundamental para ascensão social. Se é flagrante, pra mim, a importância do acesso à educação no ensino médio, pra você, o importante é abrir as portas da classe média e universalizar os diplomas. Você acha que a classe média exclui a pobre, tirando-lhe as oportunidades.

Aí, o governo, por conveniência, faz como você pensa, faz a lei de cotas. Agora, todo mundo ataca a constitucionalidade da lei. E ela é flagrante, claro, mas sustentam sociologicamente, pra manter uma situação de discriminação. Pra eles, ótimo, porque se livram do dever do Estado de garantir uma educação de qualidade.

Eu sou advogado, penso nas conseqüências jurídicas, nos direitos, você numa solução imediatista, porque o seu discurso em si não vai na falta de um direito, mas num problema social.

É complicado explicar, porque eu li vários posts seus, conheço sua forma de pensar, e espero determinadas reações. Menos essas especificamente.

Não me estenderei mais, abusando da sua paciência em ler, mas por mais que a gente deva ignorar, por ser internet, pra mim, é tão difícil encontrar pessoas com quem se pode discutir. E quando eu acho algo útil pra mim – eu vejo seu blog assim, embora você ache que eu quis aparecer- participo, não sou entendido, fico inquieto. Acabo respondendo.

É isso. Espero que tenha me entendido e reconsiderado sua posição.

Att.,



E ela respondeu assim:

"Leia mais. Pense mais. Etc.
Nosso problema nao é de discordancia. É de percepção. Vc nao percebe o que está dizendo. E nao se defende das acusações. Pelo contrário. Vc se posiciona EXAMENTE como acusado.
ué.
até. "

Vamos pensar então: Como alguém se posiciona como ACUSADO exatamente?

sexta-feira, 9 de maio de 2008


Estava eu lá no blog da socióloga. Estava-se comentando a respeito da Dilma x Agripino. Surgiu aquela inflamada no discurso da Dilma, que apanhou na ditadura, com 19 anos, foi presa 3. Aplausos.

O Agripino quis tentar levar a discussão pra ética dela. Para aí então, ela falar sobre o dossiê e a relação dela com isso, em vez de, mais uma vez, eximir-se da responsabilidade. Ele mencionou trechos em que ela dizia que mentia enquanto torturada na ditadura. Chamou-a de mentirosa, antiética e hipócrita. Isso mesmo. Uma vez que ela, antes defensora da democracia, utiliza informações sigilosas pra obter privilégios políticos, porque será futura candidata à presidência. Se já mentia num regime ditatorial, imagina num regime democrático.

Ela é oportunista, mas, na política, todo mundo é. O erro não foi dela, foi dele. Foi ingênuo, e, por isso, leia-se burro - na política-.

O que eu ressalto disso é que, de fato, existem diferenças óbvias entre os dois regimes, mas a ética da Dilma mudou. Ela mudou de situação e de referencial. Valeu-se de uma posição junto ao Estado, pra obter privilégios pessoais. E isso tudo às custas de um dossiê, ilegal, violando direitos fundamentais de intimidade, além de outros crimes contra a Administração. Para um estado democrático, isso é gravíssimo. Viola seus princípios: os direitos fundamentais. E aí que descamba.As pessoas querem raciocinar em relação à tortura na ditadura, com o pensamento democrático, e querem sopesar direitos. "Tortura, na ditadura, é mais grave que a violação da intimidade no estado democrático". Não é bem isso. É até o contrário. Na ditadura, não tinha direitos humanos. Nem de fato, nem de princípio. Ser democrata, era ser criminoso por este ordenamento.

Agora, num estado democrático, valer-se de uma posição junto à Administração pra violar direitos fundamentais de outrem, sabendo que, por ser agente político, é salvaguarda da proteção de tais direitos, isso sim, é violento. Falta de ética, de civilidade, de proporcionalidade. Para o nosso ordenamento atual, tem a mesma natureza que a tortura.

Colhi alguns xingamentos bem alto nível: machista, limitado, defensor da ditadura e "mamãe, sou polêmico", etc.

segunda-feira, 5 de maio de 2008


Como todo ano, o Fantástico,ontem, mostrou alunos do ensino fundamental fazendo vestibular de universidade particular e passando. Outro ano, foi um analfabeto. Não sei qual a finalidade disso. Não sei se acham que a universidade pública escolhe criteriosamente melhor ou se as particulares que aceitam incompetentes. A questão é que entrar na universidade requer que a pessoa tenha segundo grau. Pode ser da idade da quinta-série, mas tem que ter segundo grau.Pula, a 5ª, 6ª 7ª, mas, o segundo grau, não pula. Se não tiver segundo grau, não matricula. Aí termina a questão e o sentido da matéria.

A lei exige o vestibular. As universidades adoram, porque, com esse dinheiro, pagam o 13º e as férias dos professores.Único dinheiro certo, porque o salário fica difícil, já que o aluno não paga a mensalidade, e a universidade, juridicamente, nem pode reter seu diploma. A estrutura das particulares é melhor, mas elas não podem se dar ao luxo de escolher os alunos, porque senão vão falir. Já estão falindo. Então, quanto ao vestibular, DANE-SE!

Não vou entrar mais a fundo no problema, porque senão vou cair naquela discussão que tive com a socióloga, que relatei abaixo. Até este ponto, concordamos, ela e eu.




sexta-feira, 2 de maio de 2008

Um discurso


É errado fumar. Então, é hipocrisia processar a empresa de cigarros. E se é errado fumar, mais errado ainda é proibir a maconha.O problema é a violência do tráfico. Cada um planta a sua e tudo bem. Ou, então, que vendam no mercado.

É errado usar fralda descartável. Polui o ambiente. Então, usaremos fraldas de pano e teremos menos filhos, pra evitar a quantidade de gás carbônico que aumenta o efeito estufa. Só usaremos papéis recicláveis em memória das árvores desmatadas. Seremos vegetarianos, e não usaremos peles, pra lembrar o sofrimento dos animais que são violentamente sacrificados.

"Politicamente corretos" são os homens que vivem no lixão de Caxias. Por pura falta de opção. Tiram os alimentos do lixo, reciclam o papelão e as garrafas de plástico, usam panos em vez de fraldas descartáveis, andam a pé por falta de dinheiro pra passagem de ônibus. Têm menos filhos, porque muitos morrem de desnutrição e doenças mal cuidadas.

Essas pessoas vivem do lixo que as pessoas que não pensam no ambiente deixam pra trás. Se estas passarem a ter consciência ecológica, será a extinção daquelas. Quem tem opção, elimina quem não tem. Esse é o darwinismo social. Quem pode, desloca o problema.

Afinal, ninguém se sente responsável pelo aviltamento da dignidade alheia. E um problema no ambiente atinge a todos, mas uma pessoa, vivendo como um animal, é menos valorizada que o ambiente. Exatamente por terem muita dignidade, que vivem assim.

Ter uma ideologia é fácil, difícil é (o) ser humano.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

filmografia



Diante do tema do último post, gostaria de deixar, como dica pra final de semana, no caso, feriadão, chuvoso e com frio, filmes pra assistir no sofá. Ou no cinema.
  • Juno
  • Na Natureza Selvagem
  • Valente

No DVD:
  • Trainspotting
  • Os Últimos Passos de um Homem
  • Sonho de Liberdade

São filmes que tratam de ética, criminalidade, abordam temas sociais e polêmicos. "Juno" e "Na Natureza selvagem", são muito reflexivos e tratam do ser humano pra sociedade. Os outros filmes, tratam de como a sociedade vê as pessoas. Não existe muito moralismo, como base desses filmes, mas é importante que vejamos os atos dos personagens e o que os levaram a praticá-los.

Enfim, são exemplos bem reflexivos sobre ética, humanidade e justiça.