segunda-feira, 28 de julho de 2008

Nova era


E eu torço pra que nem passem para as semifinais das olimpíadas. Bernardinho não merece. Acho cruel a forma dele de conduzir a seleção. Ele é oportunista. Pegou, por sorte, um time de tops do mundo: Giba, Ricardinho, Gustavo, Serginho, Dante e André Nascimento. Quando o Gustavo está na rede, esta é (era pro Ricardo)a melhor formação da História. Esses seis são os intocáveis pela qualidade.

Aí, fica fácil. Ele não fez trabalho de técnico: pegar esta geração e preparar as gerações futuras, porque senão ele não ganharia TUDO. Financeiramente, ele e equipe técnica ganhariam a mesma coisa porque recebem salário. Ganhando ou perdendo, eles têm os deles. Os jogadores só têm os prêmios. E eles que treinam todo dia, e, se tiverem competição no final da tarde, treinam de manhã. Têm contusões nos treinamentos, que são excessivos. Às vezes, quando fazem viagens intercontinentais, chegam á noite no local das competições, treinam na manhã seguinte. Competiam até em torneios que poderiam testar outros jogadores mais novos, que saem do juvenil aí, e ficam metade da vida útil de um atleta adulto, sem nunca terem oportunidade. Ele não poupou em nada esses jogadores atuais. Explorava descaradamente o físico deles.

E os jogadores precisam do corpo para jogar nos clubes, de onde tiram sustento, não são tão explorados e ganham dinheiro de verdade. Menos do que o Bernardo INDIVIDUALMENTE ganha dando palestras, fazendo comerciais, escrevendo livros, atuando e fingindo que os méritos da seleção - devidos ao talento dos jogadores- são dele.

O que me impressiona é a forma como ele faz os jogadores aceitarem isso. Provavelmente a falta de estudos, deslumbramento, etc. seja a motivação. Lábia. E ele atua bem. Por isso os empresários o adoram e pagam fortunas pra ouví-lo.

* E hoje ele culpou a "pressão" de se jogar em casa. Nunca vi alegarem isso. Pressão de serem tão bons e tal, só perdem pra eles mesmos. Aliás, diga-se de passagem, deviam adorar a mal educada torcida brasileira que vaiam os saques adversários, torcem vaiando o outro. Muito intolerante. Mereceram engolir o hino americano.

**O Bernardinho disse que ele só joga pela medalha, não pelo prêmio, quando foram oferecidos quase 5 milhões pela medalha de ouro olímpica. O prêmio é dividido entre os 12 jogadores, sete membros da comissão técnica e uma cota extra para os funcionários que ajudam na preparação do time. Se o valor for repartido igualmente, cada um recebe R$ 237.500. Isto é 63% a mais que na ultima olímpiada.

A comissão técnica e o Bernardinho recebem salário, os jogadores não. No máximo, ficam com a premiação individual. O Bernardinho ainda fica com os louros das vitórias da seleção, convertendo o sucesso da seleção como dele nas palestras, comerciais, livros, serviços extras que ele ganha sozinho. E DIVIDE o prêmio das competições. Aonde você vê vitória, Bernardinho vê dinheiro e ele o quer com "excesso de vontade".

Em qualquer aspecto que você analisar, quem ganha mais dinheiro com a seleção é justamente quem disse quem só tem interesse na medalha: o Bernardinho. Quem ganha menos, e tem mais a perder, são justamente os jogadores. E também os clubes que os remunera e conta com eles num tempo mínimo. Ex: O Modena,ex- time do Ricardinho, na ultima temporada, tinha Sidão, André Heller, Murilo, André Nascimento e Ricardinho. Todos jogadores da seleção que desfalcaram o time por estarem na seleção.

Então, se o Bernardo não é superestimado, merece mesmo todo o dinheiro que ganha, então, pelo menos bota um banco reserva no nível do titular. Bota jogadores que não os seis pactuados por dois ciclos olímpicos.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Igualdade e proibição do aborto

É fácil defender o discurso feminista pró-legalização do aborto. Dizer que a mulher sempre foi reprimida e a ela imposto o conceito de família, de que ela é responsável e tem que se submeter a isso. E a mulher, que defende a igualdade, não aceita tal submissão. Há o direito de dispor sobre o corpo que é o limite mínimo da liberdade e a sua função na sociedade, além de todas as outras que o homem exerce, também é ( enão só) ter filhos. A espécie continuaria com ela e o homem é secundário, comprovadamente pelas evoluções científicas.

De fato, o homem exerce papel secundário na sociedade. E, mesmo com todo avanço científico, é impossível a ele gerar um feto. E quando há relação sexual com riscos, a gravidez é a conseqüência e, com ela, vem as obrigações aos dois. O aborto é uma forma da mulher se isentar de tal obrigação. Não assumir os riscos. É o "não quero, o corpo é meu, eu vou abortar". Mas do outro lado, existe o homem, igualmente responsável, que fica submetido à decisão da mulher. A sua opinião não é relevante pra que a gestação continue, mas a obrigação gerada a partir do parto é inegociável. Se a mulher quiser o filho, ele não, ele vai ter que assumir. Simples assim: por somente a mulher poder gerar a criança, apenas ela decide direito do feto e deveres do homem.


Pra mulher, o direito à vida do feto não existe, mas depois de nascido, ela nem mesmo questiona se deve ou não exigir alimentos do homem. Desconsidera como vida o que ela está gerando, pra defender o aborto, mas depois de nascido, ela usa pra exigir alimentos.O feto possível nascituro, tem direito a um pai e ele tem que arcar com os custos da sua educação. Há, então, desigualdade entre homem e mulher quando o referencial é a relação e quando o referencial é o feto.


Da forma como está, proíbido o aborto, ambos são igualmente responsáveis. Somente se o homem pudesse também gerar também, aí sim, a igualdade seria um fato e o aborto seria fruto de uma decisão conjunta. Se o homem quisesse o filho, ele geraria e vice-versa. A proibição discrimina a mulher. Ela cede quanto a isso: a sua vontade de não querer ter filho. Relativiza ao fato de o homem não poder gerar e não ficar refém do que ela decidir. E também, protege uma vida em potencial - argumento que existe, mas não precisa ser tocado aqui-.

Homem e mulher são diferentes biologicamente e iguais juridicamente. Esta foi a reivindicação feminista. A príncípio, pelo menos.

Fim do Caso Madeileine

Inconclusivo. Assim se resume o inquérito de investigação do desaparecimento de Madeleine. Após boa parte do tempo, terem sido acusados de matarem a própria filha e sumirem como corpo, os pais se dizem "aliviados". Não é bem esta a palavra, lógico. Depois de tanto sofrimento, constrangimento, apesar das indenizações milionárias, nada se compara a ser condenado publicamente sem provas. Num mundo onde a presunção de inocência é uma garantia da integridade do indíviduo, a manipulação da opinião pública e o sensacionalismo ignorante abafa a digninidade e o bom senso humano.


Aqui, o caso Isabela é o alvo, como o do João Roberto, morto por PMs, cujos pais clamavam por justiça na TV. Pra este, tenho a teoria de que a mãe não se controlou e partiu em alta velocidade em direção aos policiais. Nada justifica o espaço dado pela imprensa a este casal. Banalizaram o sofrimento alheio. Dos pais e dos policiais. Isto representa mais ameaça de linchamento e a imprensa, óbviamente, não se vê responsável. E espetaculariza a vida alheia chocando a opinião pública. O fim do protesto pro novo juri é uma conseqüência disso.

A intolerância do povo está indo contra a própria polícia. Queimaram uma delegacia em Minas Gerais. Lutam por "justiça". Como se obtém justiça a partir da violência? Impossível. Este é o papel do Estado que evoluiu disso: da vingança privada.



quarta-feira, 16 de julho de 2008

Elliott


Uma moça chega ao bar, começa a beber sozinha. E pensa na vida, nos problemas ,entre uma dose e outra, a noite toda. E o barman ali, olhando, admirando, aguardando a hora em que vai ser necessário a ela. Ele a levará pra fora, a afastará dos outros do bar, das pessoas que esbarram, empurram, não vão dar licença pra que ela, sem equilíbrio para andar direito, passe. Ele a protegerá e guardará as coisas que ela deixou e irá beijá-la. Coisa de que ela não se lembrará, mas ela sempre volta, por não conseguir parar de beber. Tudo que ele espera durante toda a canção é a hora que ela vai pedir a conta pra levá-la pra fora pra ir embora.

Esta é a estória de "Between the bars" do Elliott Smith, um dos maiores compositores americanos. Ele era alcóolatra, viciado em drogas e cometeu suicídio. Com uma facada no peito. Era um poeta. Uma pessoa que percebia o mundo e sofria com ele. "Miss misery" é a tradução deste sentimento e "I better be quiet now" traduz a saudade que ele tinha de alguém (provavelmente o motivo de ele não ver mais sentido na vida). "Angeles" trata do artista Elliott, insatisfeito por ver que outras pessoas ganhavam mais dinheiro pela exploração de seu talento que ele mesmo. "Says I seen your picture on a hundred dollar bill"- o dinheiro, a fama, a lábia do "Diabo" que vai fazer você assinar o contrato de venda da sua alma.

Para pessoas sensíveis, tudo ganha dimensão enorme. O sofrimento é amplificado. Primeiro, por terem consciência da situação que vivem, e, segundo, por não serem exatamente o que os outros esperam. Não existe outro que seja mais tocante que ele. Não mesmo. Ele expunha sua vida, seus sentimentos nas canções. Tão simples. E as pessoas falavam o contrário pra ele. Diziam "Você é forte, nunca erro". E ele respondia: "Você está falando sério?".

É ele quem dá título ao blog. "A Distorted reality is now a necessity to be free" é uma canção dele. É a mais pura verdade. De quem se espera estar compondo, fingindo ser alguém que não fala o que sente. Mas era que ele sentia, sempre foi.

"I know youd rather see me gone
Than to see me the way that I am
But I am in the life anyway"


Recomendo.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

A incompatibilidade entre a Imprensa e o Estado Democrático

Se tem uma coisa que eu defendo hoje é o fim do curso de graduação de jornalismo. A situação de reféns das borrachadas ditas na imprensa está insustentável. Falo em relação ao despreparo que o jornalista tem e a relevância da informação que ele passa. Cientificamente, o curso de jornalismo tem a grade mais vagabunda de toda a área de humanas e, profissionalmente, é área que possui mais pessoas despreparadas e com excessiva liberdade de agir.

Liberdade de expressão é um direito não-absoluto do indivíduo. O que é informado gera conseqüências sociais pelas quais a imprensa não se vê responsável. É preciso relativizar e, no caso da imprensa, a falta de controle, de bom senso, está tão evidente que o Estado está desmoralizado e o indivíduo perdendo garantias. Uma bárbárie que agride o Estado democrático. A liberdade de imprensa está acobertando dois pressupostos fundamentais da informação: a isenção e a credibilidade.

Censurar é restringir conteúdo, regular é estabelecer e pressupostos e limites às ações. Alguns tipos de conteúdo exigem conhecimento técnico, como o jornalismo científico, jurídico, político. E são temas que causam repercussão na sociedade leiga. Informar um crime é uma coisa, dar opinião sobre ele é outra. Pressupõe-se conhecimento técnico pra ter credibilidade. E jornalista não tem conhecimento técnico da nada, e, nem consciência das repercussões do que fala. É leigo e informa pra leigo. E, dependendo da forma como passa, provoca revolta na população, os linchamentos, vingança privada, a bárbárie.

Um jornalista não tem - ou não deve ter- interesse no que ele informa. Não pode ser tendencioso. Na faculdade, o jornalista aprende apenas a dogmática da comunicação e sua estruturação técnica. A imprensa informa fatos. E quem informa, fala livremente sobre o assunto como se conhecedor fosse, e na verdade é leigo. Há vício. E quanto mais repetitivo e sensacionalista, mais repercussão negativa e mais falta de controle o Estado terá sobre a manifestação popular.

Por isso, sou a favor do jornalismo como pós-graduação. Os assuntos dos quais ele trata demandam conhecimento técnico e existem graduações para isso. É a única forma de se dar confiabilidade à informação e efetivar responsabilidade sobre o que é dito. Se há excesso de liberdade de alguém, não há igualdade, e vários direitos que deveriam ser protegidos pelo Estado são violados.


quinta-feira, 10 de julho de 2008

Feminismo: de zero a zero a menos um


Seguindo a linha do post anterior, vou tratar de temas, digamos, perigosos. Os "ismos" da vida. É um sufixo que socialmente implica em reivindicação. Não, mais que isso, em cessão. O engraçado é que depende do princípio que uma parte não pode ter vontade no acordo, apenas cumprir a vontade da outra. E a negação é tida como sinal de involução.

O feminismo é assim. A mulher viveu sempre em situação de submissão ao homem, de mãe-e-dona de casa. E hoje ela trabalha, vota e diz que não sabe cozinhar. Ela se recusa a fazer as tarefas e a se submeter ao que o machismo da sociedade impõe. É justo. Mas se ela não faz, depende de alguém que faça, e isso implica necessariamente em deslocar o problema. O homem nunca quis, nem há de querer. Então, contrata-se uma empregada ,que não deixa de ser mulher, que não deixa de ser subserviente, mas aí, o que antes era problema dos sexos, passou a ser problema social. A empregada não estuda, não tem chances de crescer. E, diferente dos países desenvolvidos, seu salário é baixo, embora o casal dependa dela.

Citei o exemplo da empregada porque, hoje em dia, qualquer pessoa pode exercer atividade doméstica e, por uma questão de conveniência, mais fácil deslocar o problema, desnaturalizá-lo. E o feminismo é uma reivindicação da classe média. A classe alta nunca questionou porque a mulher e o marido dividiam tarefas e delegavam a outros. A participação da mulher na sociedade era o questionamento comum entre as classes. Resolvido isso, fim do problema.

Claro que o feminismo não é um movimento que se restringe ao convívio doméstico. Este apenas representa a dualidade de posicionamentos. Há direitos da mulher e há direitos dos homem. A igualdade implica na relativização. Quando um se impõe em relação ao outro, o impacto passa a ser na sociedade. No caso da mulher e do marido do exemplo, o impasse entre os sexos, dentro de casa, passou a ser social e fora dela E não deixa de ser uma baita contradição uma feminista contratar uma empregada por esses motivos. E se fosse um empregado, ela não pleitearia a igualdade, mas a submissão.

Ninguém questiona os planos de saúde. Paga-se uma mensalidade X, e o plano, diante de um tempo de carência, arcará com os custos médicos em eventual enfermidade. Mas questionam o fato de a mulher ganhar menos que o homem para mesma função. Ora, se ela engavidar, ela terá estabilidade de seis meses remunerados e reintegração. Um empregado será contratado para exercer função que o direito da mulher exige e tudo custeado pelo empregador. O Estado não dá a contrapartida, mas ele dá o direito. Para o casal que contratou a empregada, a única perda será as noites de sono para amamentação.

Os ismos se garantem assim: na perda de direito alheio diverso do seu. O Estado não se sente responsável pelo problema social, a partir do sopesamento de direitos. A lógica argumentativa é a do por se opondo.Mais fácil legitimar as reivindicações e torná-las obrigatórias. Descontextualiza o problema e o analisa por si só e as conseqüências que se ajustem à nova realidade.

Mais desenhado: como empregador, meu dever de pagar corresponde a serviços prestados a mim. Se não recebo o serviço, de onde vem o direito de pagar por ele duas vezes? Da lei, a partir das diferenças de sexos. Mas tanto homem quanto mulher podem ser empregadores,. Qualquer pessoa pode. A diferença é situação econômica - problema social de classes-. Só que quem ganha mais, contribui mais para o Estado. A empregada doméstica não tem todos os direitos da sua patroa. Tem menos. Os encargos são menores, senão ninguém a contrataria. Para casal de classe média ter uma empregada, o Estado diminui desta os direitos. Mas para o patrão da patroa de classe média, aumenta-lhe os deveres.

Os extremos sociais arcam com benefícios do intermediário. Por isso,talvez, a classe média é a que mais perde com a tributação. Ela paga por obrigações que o Estado deveria ter em relação às demais. Os seus direitos "diferenciados" se dão pelo critério mais "democrático": a quantidade de individuos. O patrão paga pela classe média que deixa de pagar á pobre. O Estado recebe de todo mundo em cima das contribuições trabalhistas obrigatórias.

Se analisássemos o conjunto fechado, justo seria a empregada ganhar metade do salário do casal e o empregador ter o "seguro" em cima do trabalho da mulher. E o Estado tributar igualmente a todos em cima do quantum que lhes for remunerado

* Sensacional foto de Simone de Beauvoir, autora dos dos livros "o segundo sexo", precussora do feminismo. Um brinde à literalidade dos exemplos copiados.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Individualismo, oposto de representatividade



É um problema sério o individualismo. A pessoa que é assim não aceita a representatividade. E a democracia pressupõe isto. E quanto mais extremista, mais intolerante, porque o radicalismo existe a partir da invalidação do contrário.


Politicamente, sou centro-direita liberal*. É um meio termo tendencioso, digamos, analítico-posicionado.Coincidentemente, me peguei numa discussão a respeito do terceiro mandato do Lula. E o radical nunca vê argumentos "convincentes". Então, organizei alguns deles e vou guardá-los aqui.


Num Estado Democrático, quem representa os interesses do povo são os partidos políticos, não os indivíduos. Quando você perpetua um indivíduo no poder, você tira o direito de concorrência dos outros do mesmo partido político que ele e daqueles de outros partidos. Você perpetua uma ideologia partidária, discriminando as demais e você discrimina um indíviduo pelo que ele é, não pelo que ele defende.


E, também, na nossa História Política, observa-se que INDIVIDUOS ocupavam a presidência a partir de golpes de Estado e os interesses individuais se sobrepunham às diferenças. Os militares se sobrepunham na ditadura militar, o populismo (fascismo) do Vargas , o presidente mais popular até hoje, defendia as elites, etc. Com uma maioria carente, bastava que se atendesse a seus anseios imediatos e o político era reeleito. E até hoje isso é feito, e com o lula não é diferente.


Além de tudo isso, há a imunidade parlamentar que PROTEGE O CARGO, não o indívíduo. Então, havendo crimes ou suspeitas, sustenta-se a impunidade, porque o ocupante de cargo político continuaria no poder. E, no caso do presidente, ele escolhe quem vai julgá-lo por nomear os ministros do STF. Lula já nomeou 7 dos 11 ministros.


Não é óbvio que se é exigível vinculação dos políticos a Partidos Políticos depois de eleitos, e que cada partido tem uma representação diferenciada dentro do congresso, seja justamente pra igualar a representação? Como se pode ter um indíviduo mais importante que o partido? E, num cargo presidencial, o Lula é conhecido por todos. Nas últimas eleições, a Heloisa Helena era? O Cristovam Buarque era? Será que eles tiveram as mesmas chances nas campanhas?


Vocês não acham que o PT e o PSDB foram os partidos que mais atingiram o país por causa do dinheiro que tinham para campanhas e que concorreram em igualdade entre si, mas em desigualdade brutal em relação aos demais partidos e que, por isso , se defende o financiamento público das campanhas? Como podem minorias defenderem isso? É de direito de representação que se esta falando. Partido político defende interesse público. Coletivo. Nada mais contrario a isso que discriminação.


Existem mais, obviamente,mas não creio que haja motivos que convença um radical individualista, pois sua visão é tão limitada que o impede de enxergar além dos seus interesses. Isso é muita ignorância.





* Vi hoje no politicômetro da Veja.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Análise da atuação das FARCs e libertação de Ingrid Betancourt

Dia 2 de julho, foi libertada a Ingrid Betancourt, a mais importante seqüestrada (estima-se cerca de 7 mil pessoas) de toda história da FARC. Foram 6 anos de desaparecimento, engajamento de seus filhos e do governo Uribe para a sua libertação. Uribe, no segundo mandato, pleiteia mudança constitucional para um terceiro mandato.

A FARC é um grupo terrorista de fundamentação ideológica comunista. Surgiu em em 1964* e tem apoio dos esquerdistas da América do Sul : Hugo Chávez, Evo Morales e até mesmo do Lula. A fonte de recursos deste grupo se dá justamente pelo tráfico de drogas, onde dominam todas as fases de produção dentro da Colômbia. Agem com atentados à bomba, minas terrestres., infiltrações no governo e na política, pelos seqüestros, etc. São guerrilheiros armados que negociam com governantes de vários países e são alvo de muito interesse político. São anti-MERCOSUL também, obviamente.

Analisando a cronologia do seqüestro da Ingrid, é possível entender e relacionar toda atuação do governo atual, a resposta das FARCs e o momento pelo qual passa a América Latina hoje.

Começa com a campanha de 2002. Ingrid Betancourt, então senadora, estava em campanha presidencial (coordenada por Clara Rojas, libertada este ano). Ela agia dentro da Colômbia em prol de um processo de moralização política, combatendo a corrupção, a insegurança gerada pelas FARCs e grupos rivais **. Uribe foi eleito com 70% dos votos e sua linha de atuação política, tinha como ponto principal o combate ao paramilitarismo e afastamento de qualquer tipo de negociação com esses grupos. Pra isso, teve apoio dos EUA. Durante todos esses anos, conseguiram analisar e investigar a linha de atuação dos guerrilheiros e, aos poucos, encurralando-os a partir de Bogotá, retomando o controle e a segurança.

O seqüestro de Ingrid foi o mais importante pela sua poularidade, influência política dentro da Colômbia e linha de defesa. Queriam forçar uma negociação junto ao governo ***, que não os reconhecia e estava ganhando no processo de desmilitarização. A reivindicação dos guerrilheiros e defensores é, também, um reconhecimento e formação de um partido político e a retirada da organização da lista internacional de terroristas (não se consideram terroristas). E isso tem influência e apoio vindos da Venezuela, de Chávez, e também do Brasil, de Lula, que são favoráveis à FARC e anti-Uribe, embora em relação a este último, a ação do MERCOSUL tem sido isolacionista, gerando reprovação do governo Chavez, Morales, reconhecidamente comunistas.

A atuação lulista nas negociações internacionais é por demais egoísta. Ele não tem prestígios junto aos governos latinos, e sua atuação é puramente comercial, quase nada em prol de uma integração política. E isso tem gerado descontentamento por parte dos integrantes do MERCOSUL (Argentina e Venezuela principalmente) e dos demais (Bolívia e a própria Colômbia). Ele está minando o acordo econômico, retrocendendo á evolução do mesmo e impondo domínio a partir da economia sobre os demais.

Em 2006, Uribe é reeleito. A FARC volta a a seqüestrar políticos 12 deputados e mostra Ingrid ainda viva, apesar de todos esses anos, em sucessivos fracassos, Uribe tentar resgatá-la e dando continuidade ao processo de desmilitarização.

Em 2007, começa-se a se ter uma mobilização por parte dos filhos de Ingrid, mediação de Chavez nas negociações junto às FARC - tentativa frustrada de afastar a influência americana também-, em prol da libertação de Ingrid, que já julgavam estar morta. E ,neste ano, finalmente, ela é libertada.

Há diversas especulações, várias análises políticas e posicionamentos em relação ao seqüestros e mudança de posicionamento das FARC. Uma delas, a do professor da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira da Silva. Sempre há uma teoria da conspiração e uma reinvindicação. Neste posicionamento em específico, há uma análise em cima da situação política dos países latinos e também uma contradição: ele é escritor de um livro sobre a Betancourt e defensor das FARC. Em certos pontos,demonstra alguma coerência, embora bem utópica.

Não se trata a visão analítica deste conflito, de uma defesa ou reconhecimento da atuação abominável da FARC nos últimos anos. Muito menos da validação de suas reivindicações e integração comunista dos países latinos americanos. Muito menos de se ver a atuação de Betancourt, Chavez e dos guerrilheiros um revival de Simon Bolívar e uma implantação do comunismo na América.

Existe um interesse de Uribe em se perpetuar no poder evidentemente. E ele tem sido garantidor da ordem - daí remeto ao post anterior, na citação de Ghoete- dentro do país. E disso, ele saiu vitorioso, ao contrário do Chavez. E, também, é de interesse do continente que as FARCs sejam dominadas, uma vez que representam um perigo comum. Uma atuação violenta que extrapola a soberania colombiana chegando ao Brasil ,mediante dos conflitos com os sem-terra.

Os partidos políticos comunistas estão se enfraquecendo. Há um descrédito por parte dos eleitores na sua reivindicação. E a ordem tem sido mais importante que a justiça. Sinal de que os valores do estado democrático vêm sendo consolidados.

É preciso que isso continue, para que não tenhamos um retrocesso, a volta dos golpes de estado e volta do terror. E que, prncipalmente, a análise da atuação dessas minorias seja reavaliada pra se limitar os interesses e que a violência seja efetivamente repudiada.


*Impressionante a cronologia. A associação da ação do MP do RS aos sem-terra tem justamente a remissão ao discurso anticomunista pré 64.

** Dentre os reacionários à FARC, ou paramilitares, tem-se : Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN) e s Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC).

*** Especula-se que, para a soltura de Ingrid, houve a liberaçãode 20 milhões de dólares à FARC. Estratégia americana e do próprio governo para justamente macular negociações feitas anteriormente.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Em favor do MP-RS

Copiando a idéia da coluna do Veríssimo no Zero Hora, a frase de Goethe : "Prefiro a injustiça à desordem", certamente, que se aplica bem ao caso dos sem-terra no RS. Eu li vários blogs sobre o assunto, colunas, etc. A opinião sempre é favorável aos sem-terra, contra o Ministério Público, que, para eles, representa os latifundiários. Se manifesto contra os sem-terra, é desejo da ordem, então, contrario Goethe. E, como o Verissimo menciona, não posso mais buscar identificação na Revolução Francesa. Pra mim, ela representa o conflito mais reducionista da história*. E, dois séculos depois, as reivindicações sociais e as diferenças são bem mais complexas. Ainda mais num estado democrático de direito.

Não estou invalidando a reivindicação dos sem-terra que é originalmente deveras justa. Isto em relação ao governo, não em relação aos latifundiários. Da situação de injustiça em que ainda se encontram, sairam diversas ações violentas contra os latifundiários, a constituição e os prédios públicos.

Mas mesmo o direito de manifestação não ilimitado. Ele não pode atentar contra a ordem e não pdoe prejudicar direitos protegidos pelo Estado, aqui, os da criança e do adolescente, e os da própria população local. O MP é responsável por isso. E está agindo dentro de seus limites, da legalidade, e mediante apreciação do Judiciário. E, por unanimidade, o Conselho do MP-RS determinou que se entrasse com a ação.

Trata-se de uma ação civil pública inibitória que visa conter a marcha dos sem-terra, analisando as medidas que ele vem aplicando. Todo o processo dura quase um ano. E a repercussão na imprensa se deve ao "sucesso" do MP na justiça. Conseguiram comprovar a irregularidade das ocupações e o abuso do direito de nanifestar e, com isso, a ordem judicial para a desocupação. Tudo com a devida defesa dos sem-terra. Eles foram ouvidos pelo MP e pelo juiz. Atendeu ao devido processo legal.

Os que defendem os sem-terra, dizem: "mas a CRFB permite a livre associação, o direito de manifestação". Sim, permite, mas repudia a autotutela. Existem meios pra se resolver conflitos. O Judiciário está aí pra isso, e o Legislativo deveria promover a lei de reforma agrária. Não o faz, e seus partidos políticos financiam o MST. Isso já é sabido há tempos. A novidade é o envolvimento das FARCs. A associação do terrorismo. Não é espantosa tal verificação - que acredito ter sido bem investigada-, uma vez que o principal objetivo dos grupos terroristas é quebrar a ordem. E a América Latina tem sido bem alvo disso, o que pôs Chávez e Morales no poder, o ideal socialista, revolução das massas (à la século XIX), e golpes de Estado. Não há compatibilidade desses ideais com nosso ordenamento jurídico, tampouco a inércia- interessada- da política em resolver os conlitos. Não se encaixam nos ideais constitucionais, muito menos, são motivações pra violência que se vê na guerra por terras.


E um outro vértice dos conflitos agrários são os povos indígenas. Disputam territórios com os sem-terra e com os latifundiários, mas, logicamente, são esquecidos. Curioso é que as terras ocupadas por eles são da União. A CRFB os protege (art 20) e lhes garante a posse de territórios dela. O mesmo já está estendido aos sem-terra, porque a ocupação das terras da União (abandonadas,devolutas) não lhes retira o crédito rural. Não lhes dá o que os sem-terra reivindicam: um título de propriedade. E isso a União não pode cumprir. Seria inconstitucional dar-lhes a propriedade de terras pertencentes a ela segundo mandamento constitucional. São bens públicos, ou seja: impenhoráveis, inalienáveis e indisponíveis.

Aí, com toda essa questão de ordem, norma e ideologia do século XIX, o conflito se vira contra a tradicional aristocracia. As terras que poderiam pertencer aos sem-terra, só podem ser as que já pertencem aos latifundiários. Voltamos pro conflito clássico: "és rico, porque sou pobre", e os sem-terra reinvindicam o que julgam lhes pertencer, mas não possuem os títulos. E invadem, destroem sob o manto de vítimas do sistema. E o Estado não pode permitir que a violência se legitime. Tem que ir no foco da violência.

A principal covardia do MST é a ludibriação das pessoas carentes, chamadas de massa de manobra. Como na RF, as lideranças conseguem por na cabeça delas que a reivindicação e a violência são legítimas. Que há boa intenção, quando não há.

Então, não é uma questão de ser contra a reivindicação dos sem-terra, mas contra a violência como meio de obtê-la. E, também, do exercício arbitrário das próprias razões.



* Burguesia x proletariado.