Depois da série de comentários sobre os filmes do Kieslowski, vou comentar sobre o caso Eloá, de forma a tentar não ser redundante - motivo que me tem feito optar por não falar sobre cotidiano-. A questão é que este caso serviu de espelho para uma série de outras "loucuras de amor" por todo o país. E o velho questionamento da primeira série dos filmes que deram origem ao "Decálogo" parte da premissa de que, apenas quando se está diante de um conflito insolúvel, as pessoas pensam nas conseqüências de suas ações.
Um crime pressupõe ação, um verbo. Este verbo, quando praticado, gera uma conseqüência jurídica. O verbo está previsto no código penal e também a resposta dada a quem pratica a conduta criminosa. O código quer que você não pratique a conduta. E, pra isso, ele prevê uma punição. O problema é que quem comete crimes pensa no antes, no durante, mas nunca no depois. Justamente quando não se pode voltar atrás, é que se pensa no que se fez. Principalmente no caso de quem deveria agir e não o fez.
O caso da Eloá aconteceu com um jovem que não pensou no que ele estava fazendo. O objeto da sua conduta era a namorada. Fica difícil imaginar que ele tivesse algo à sua frente, como a lei, como o direito, como a ética. Isso não justifica, explica. Uma coisa é um crime onde o agente quer obter vantagem - a vantagem é o fim- outra é quando ele planeja, executa, mas não tem uma finalidade específica. Ou seja, ele chegou ao apartamento, manteve sob cárcere privado a namorada, uma amiga e alguns reféns. Liberou todos, menos ela. Não o fez por dinheiro, aparecer na TV, ou pelo que aconteceu a ele.
O problema é que o caso tomou repercussão nacional, muitas autoridades interferiram, agressor e vítima deram entrevista ao vivo pela televisão. E o que era um crime passou a ser visto como "prova de amor". E disso originou-se a série de crimes idênticos em todo país. Ele não foi tratado como criminoso. A atitude do Estado e da imprensa diante do caso não foi respectivamente evitar uma tragédia ou informar a respeito. Foi de interferir dramatizando, o que deixou as autoridades policiais inertes. As interferências fizeram com que o Lindembergue fosse um herói, e não caísse em si, diante do que ele estava cometendo. E é primordial que o criminoso caia em si para depois se entregar.
Então, a ação do Estado estava atribuída à polícia. Ela não agiu como deveria, o Estado responde pelo resultado. Não era função da Sônia Abraão interferir nas negociações, mas não foi crime o que ela cometeu. Foi antiético, indevido, contributivo para a tragédia, mas não se tem como enquadrá-la criminalmente. Apenas nos danos morais.
E a mesma imprensa, os influenciadores da opinião pública, os estudantes, doutores, bloqueiros, "autoridades qualificadas a comentar" tecem teses a respeito do machismo, da falta de segurança, injustiça, pena de morte, prisão perpétua, e, principalmente, legitimam atos de violência já cometidos (ou às vias de serem cometidos) contra o Lindembergue.
Ninguém vê sua parcela de culpa na situação. Nem no fato de que são homens que estão a frente de instiuições, que violência nunca se justifica em si mesma. E que a agressão que o Lindimbergue sofreu, qualquer coisa feita contra ele, será crime da mesma natureza, e o motivo igualmente torpe. E a sociedade, quem apóia tais atos e o Estado, na figura dos policiais que o agrediram, serão igualmente criminosos.
*Datena tanto disse que a Sônia foi antiética que ele mesmo está incitando o linchamento do Lindembergue, falando que o pai o mataria na peixeira e que ele não escapa da cadeia. Bem alto nível!
Um crime pressupõe ação, um verbo. Este verbo, quando praticado, gera uma conseqüência jurídica. O verbo está previsto no código penal e também a resposta dada a quem pratica a conduta criminosa. O código quer que você não pratique a conduta. E, pra isso, ele prevê uma punição. O problema é que quem comete crimes pensa no antes, no durante, mas nunca no depois. Justamente quando não se pode voltar atrás, é que se pensa no que se fez. Principalmente no caso de quem deveria agir e não o fez.
O caso da Eloá aconteceu com um jovem que não pensou no que ele estava fazendo. O objeto da sua conduta era a namorada. Fica difícil imaginar que ele tivesse algo à sua frente, como a lei, como o direito, como a ética. Isso não justifica, explica. Uma coisa é um crime onde o agente quer obter vantagem - a vantagem é o fim- outra é quando ele planeja, executa, mas não tem uma finalidade específica. Ou seja, ele chegou ao apartamento, manteve sob cárcere privado a namorada, uma amiga e alguns reféns. Liberou todos, menos ela. Não o fez por dinheiro, aparecer na TV, ou pelo que aconteceu a ele.
O problema é que o caso tomou repercussão nacional, muitas autoridades interferiram, agressor e vítima deram entrevista ao vivo pela televisão. E o que era um crime passou a ser visto como "prova de amor". E disso originou-se a série de crimes idênticos em todo país. Ele não foi tratado como criminoso. A atitude do Estado e da imprensa diante do caso não foi respectivamente evitar uma tragédia ou informar a respeito. Foi de interferir dramatizando, o que deixou as autoridades policiais inertes. As interferências fizeram com que o Lindembergue fosse um herói, e não caísse em si, diante do que ele estava cometendo. E é primordial que o criminoso caia em si para depois se entregar.
Então, a ação do Estado estava atribuída à polícia. Ela não agiu como deveria, o Estado responde pelo resultado. Não era função da Sônia Abraão interferir nas negociações, mas não foi crime o que ela cometeu. Foi antiético, indevido, contributivo para a tragédia, mas não se tem como enquadrá-la criminalmente. Apenas nos danos morais.
E a mesma imprensa, os influenciadores da opinião pública, os estudantes, doutores, bloqueiros, "autoridades qualificadas a comentar" tecem teses a respeito do machismo, da falta de segurança, injustiça, pena de morte, prisão perpétua, e, principalmente, legitimam atos de violência já cometidos (ou às vias de serem cometidos) contra o Lindembergue.
Ninguém vê sua parcela de culpa na situação. Nem no fato de que são homens que estão a frente de instiuições, que violência nunca se justifica em si mesma. E que a agressão que o Lindimbergue sofreu, qualquer coisa feita contra ele, será crime da mesma natureza, e o motivo igualmente torpe. E a sociedade, quem apóia tais atos e o Estado, na figura dos policiais que o agrediram, serão igualmente criminosos.
*Datena tanto disse que a Sônia foi antiética que ele mesmo está incitando o linchamento do Lindembergue, falando que o pai o mataria na peixeira e que ele não escapa da cadeia. Bem alto nível!