sábado, 31 de outubro de 2009

Monkey see, monkey do

Todo mundo sabe o que é bully. E sempre existe aquela pessoa que tem a fama e não se importa, e tem os que sofrem e os que gostam mesmo de esculachar. Geralmente, quem ofende não se dá conta do estrago que está fazendo, e, muitas vezes, nem se importa, porque segue a psicologia das massas.

O que aconteceu à moça da UNIBAN não é nenhuma novidade. Amplitude da baderna só foi maior porque postaram no youtube. Sempre existe a puta da escola ou da faculdade, só que os deboches se davam dentro do ambiente. Nunca fora exteriorizado. Hoje não. Com a internet, simplesmente, não há mais garantia do direito individual, o que se faz em público , se torna público. Aconteceu com a namorada do Pedro, aconteceu à moça da Uniban.

O que se tem visto hoje em dia, é a falta de maturidade das pessoas e a prevalência do individual, seja na política das minorias, que envolvem identidade e valores morais, seja no próprio conceito de si mesmo, a ponto de a intolerância não partir apenas do ser, mas da afetação que se tem perante outros. Na verdade todo mundo, de certa forma, é restrito dentro do que se manifesta perante a sociedade. Da cessão ao sistema, como dito no post da Macabea. O diferente, muito menor, precisa ser atacado e o bully, muitas vezes, vem disso aí, da uniformidade. As pessoas nunca se sentem felizes com a uniformidade porque remete à mediocridade. Medíocre, vem de médio e o ser humano, por si,naturalmente, quer se destacar. E isso independe do fato de a moça da Uniban ser pobre, mas de não se limitar a isso. Não pode uma pobre se achar gostosa e usar vestidinhos curtos.

Veja bem: a menina tinha fama de puta, se vestia de forma ousada, não se importava com isso. Todo mundo a pressionava, xingando-a, rejeitando-a, mas sempre dentro de um limite. Ela não se afetava - como não se afeta, porque ela pretende voltar pra faculdade-.Então, obviamente, a mediocridade tenta repelir com o estardalhaço. Com certeza, ela não é mais puta que muita menina que a xingou, mas ela, com certeza,chamava mais a atenção.Ainda mais agora, que o Brasil inteiro conhece pelo menos o vestido.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Em Paris (2006) Spoilers





Uma vez eu vi uma frase que dizia que ser amigo é querer fazer parte da felicidade do outro. Claro que é incompleta, porque, por muitas vezes, também é fazer parte da tristeza também. Só que é a parte ruim e que ninguém quer fazer. E sobre isso que trata "Em Paris". E que também é tratado em "Não amarás" e "Pai e Filho", filmes do Kieslowski e do Sokurov que eu já comentei aqui.

Paul é a personagem triste. Ele está recém-separado da mulher, Anna, que termina o relacionamento com ele. Ele a amava, ela sabia. Ele percebe que não é mais amado* e tenta ferí-la, mas não consegue porque ela não o ama (mais?)**. E nas relações amorosas, existe o conquistador e o conquistado: aquele que deseja ser amado e aquele que ama. Não necessariamente se correspondem, como é o caso do filme, e aquele que sofre, é o que ama de verdade. E se torna vazio por dar tudo de si ao outro. É este o significado da tristeza que o filme quer dar: momento de recuperação da dignidade. Tal como a dignidade, tristeza faz parte do ser humano como a cor da pupila faz parte do olho.

Jonanthan é o irmão de Paul. Ele é a pessoa que tenta tirar o irmão da depressão. Função esta que o pai lhe delega. E qual a forma que ele encontra pra isso? Demonstrar que a vida é bela e dá suas três trepadas no mesmo dia, enquanto "espera" o irmão encontrá-lo. O inverso do que se deveria fazer. Um amigo quer tomar parte da felicidade, mas da tristeza, que tome um psicologo. Por subestimarmos a tristeza dos outros, não nos é cabível que alguém possa sofrer, por isso, ignoramos e não queremos tomar parte. Não é conveniente compartilhar a tristeza como é compartilhar a felicidade. Da mesma forma que a tristeza é sua parte, você nunca vai saber o que o outro passa, se não se por no lugar dele. Jonanthan narra o filme e ele também percebe ,no final, o que o irmão sente,*** porque é o momento em que ele, de fato, se põe no lugar do irmão. Até então, ele procurava demonstrar o quanto lhe parecia ridículo o sentimento de resgate da dignidade do irmão por si só.

O filme é redundante em diversas situações e demonstra claramente todos os lados. Não toca da mesma forma que o "Não Amarás" (que tem a cena mais bonita que eu já presenciei no cinema) que é o melhor filme sobre amor já feito. E tem a cena final em que é cantada uma música pro telefone, que é um poema sobre a situação, que é a verbalização do que motivou a tristeza de Paul, cantada por ele e por Anna.

Avant La Haine (traduzido)

Saiba, minha linda, que os amores
Os mais brilhantes se sujam
O sol sujo do dia a dia
Submetem-lhes ao suplício

Tive uma idéia inadequada
Para evitar o insuportável

Antes do ódio, antes dos golpes
Dos assobios e dos chicotes
Antes da pena e do desgosto
Vamos terminar, por favor

Não, eu te beijo e isso passa
Você bem sabe
Não se livre de mim assim

Você acredita que vai se sair bem dessa
Me abandonando ao léu
Do grande amor que deve morrer
Mas você sabe que eu prefiro
As tempestades do inevitável
À sua pequena idéia destrutiva

Antes do ódio, antes dos golpes
Dos assobios e dos chicotes
Antes da pena e do desgosto
Você diz para terminarmos

Mas eu te beijo e isso passa
Eu sei bem
Não me livro de você assim

Eu poderia evitar o pior

Mas o melhor está por vir.

Antes do ódio, antes dos golpes
Dos assobios e dos chicotes
Antes da pena e do desgosto
Você diz para terminarmos


Não me livro de você assim

Não me livro de você assim.

Aqui o vídeo:



www.youtube.com/watch?v=nCKihhKniyE

Créditos:

Direção: Christopher Honoré
Elenco: Romain Duris(Paul), Louis Garrel (Jonanthan), Joana Preiss (Anna).


*Isso fica bem explicitado no início do filme em que ela fala que ele estava insatisfeito com ela por 3 razões nas quais ela, premeditadamente, transfere tudo que sente para ele. E a sequência seguinte, fora da cronologia, demonstra o entedimento dele a respeito. Ele sabia que ela não o amava mais e ela sabia que ele a amava.

** Depois que ela elabora o discurso pronto do término, ele joga o travesseiro no rosto dela, que reclama como se tivesse machucado. Ele fica preocupado, pede desculpas e vai socorrê-la. Situação auto-explicativa. Ele podia ter dado uns bofetões nela, porque ela o humilhou, ofendeu sua dignidade, mas para quem ama, o amado está acima de si próprio. Lógico que na vida alternamos os papéis, mas ela sempre quis que ele a amasse. Terminou antes que ele a odiasse.

*** Ele começa perguntando " Que tipo de amor faz alguém se jogar de cima da ponte?". Ele não sabe o que é o amor, mas pelo menos, entende o que é se jogar de cima da ponte. Ele mesmo é amado e não ama.Ele tem o mesmo papel da Anna, mas ele é o irmão, quem está pra (tentar) ajudar, coisa que só a Anna não poderia fazer.

sábado, 10 de outubro de 2009

Obama: faltam apenas a árvore e o livro

Por que o Obama ganhou o Prêmio Nobel DA PAZ? Eu nem vou entrar no mérito do porque ele foi presidente. Mas prêmio nobel está virando uma coisa do tipo que se entrega a celebridades. Obama é uma celebridade. Uma representação da minoria: negra e islâmica com status de melhor diplomata do mundo, de pesidente da nação mais "poderosa" (dizem) do mundo sem ter qualquer experiência administrativa. Como o nosso presidente, saiudo legislativo direto pra poltrona presidencial. E é bem isso mesmo:Lula ganha título de doutor, Obama de PN da Paz. Veja bem: da Paz.

Agora veja voce também que a Angelina Jolie se esforçou tanto, foi visitar os flagelados pela enésima vez em algum lugar desgraçado do mundo. Adotou 3 crianças que sempre saem com ela, e nem uma indicaçãozinha? Até Obama passou a frente dela.

É estranho até um prêmio nobel ir para um presidente americano, pós-Bush, pós cultura guerrafria, pós Hiroshima e Nagazaki. EUA constroem escudo antimisseis e querem exclusividade sobre as armas nucleares. Para fins pacíficos logicamente, para fogos de artifícios como dizia o centenário Edward Teller.

O outro prêmio nobel bizarro foi de literatura pra Herta Muller. Ninguém sabe quem ela é. Só que ela escreve livrinho de mistério.Pop.

Prêmio Nobel ultimamente está virando o novo Prêmio MTV.

domingo, 4 de outubro de 2009

Caso Honduras

Demorei um pouco pra tratar deste assunto porque esperei o Lula e o governo braileiro se posicionarem. Pra saber o que nosso digníssimo presidente entende por um golpe de Estado. Ou se sabe que quem quis dar o golpe foi o Zelaya e o Congresso, à beira de sofrer uma supressão, com o Michelletti, resguardou a constituição.

Mas a posição tímida do nosso presidente é óbvia, se lembrarmos de que ele próprio queria um terceiro mandato. E toda essa polêmica foi discutida na mídia, tendo o PT, por fim, resolvido indicar a Dilma. Tendo este exemplo de Honduras, sabe-se bem que foi esta a melhor opção, porque poderia acontecer o mesmo no nosso país, ainda mais pela teoria falida do Estado Mínimo lançada pela Dilma três dias antes do "golpe" na Venezuela.

Todos sabemos que o Lula é simpatizante do Chavez. E apoiar Zelaya é estar manifestando apoio ao Chavez, que, diga-se de passagem, transportou Zelaya de jatinho até Tegucigalpa (capital hondurenha) pra que ele tentasse uma resistência, quando ele, acuado, buscou apoio na embaixada brasileira. Foi errada a expulsão pelo exército, evitando um julgamento de Zelaya pela justiça, mas erro muito maior foi o retorno dele.

Daí a comunidade internacional começa a perceber que o que o Lula está fazendo é loucura. É anti-estado democrático e que o fato de um presidente ter sido regularmente eleito não quer dizer que o mesmo possa se impor acima da constituição. E é isso que a Dilma acha fácil: a nossa constiuição é neoliberal e, por isto, entenda: defende Estado Mínimo. O poder do presidente é limitado pelos demais poderes, no sistema de pesos e contrapesos, e não pode ele se posicionar contra o que a constituição defende. E vem as olímpiadas nos informar sobre a vitória do lula sobre Obama, bem na semana em que os EUA criticam o posicionamento do Lula e o retorno do Zelaya. Ora, se Lula não reconhece o governo interino, não pode manter seus diplomatas ali. É como se a embaixada não existisse. E ela é hoje o lugar de onde o Zelaya administra a bagunça sob pseudônimo de resistência.

Segundo The wall Street journal " Zelaya foi deposto não por um "antiquado golpe militar latino-americano", mas de maneira "legal" e por ordem do Tribunal Constitucional de Honduras, depois que "agitou as ruas com protestos para poder modificar a Constituição do país".E, exatamente por isso, a melhor forma de se resolver o conflito seria a entrega de Zelaya às autoridades do país. Posição esta do governo brasileiro. que oferece abrigo a Zelaya por quanto tempo quiser.

Em contrapartida, Michelletti começa a negociar diretamente com Zelaya. E, na próxima terça-feira, chegam os membros da OEA. E, elegantemente, ele declarou que o exército não invadiria o território brasileiro, sua propriedade (a embaixada brasileira), com oquem reconhece o Brasil, e reivindica a reciprocidade. É uma atitude que apaga o erro que cometeram ao explusar Delaya. É a oportunidade que tem o Brasil ,dependendo da sapiência do nosso presidente, de tomar pra si o protagonismo da crise. E resolvê-loa, óbviamente, implicará numa mudança de postura. Mudar de lado, mais precisamente, como os EUA também mudaram.

sábado, 3 de outubro de 2009

Rio - 2016

A mídia noticia como o dia que o Lula venceu Obama, e ele diz que foi o Rio, que é uma oportunidade de mostrarmos que somos um grande país. Veja bem: no que uma Olímpiada pode demonstrar que somos um grande país? A imagem que temos lá fora é aquela que nós mesmos desconstruímos. O país da corrupção, da violência e do turismo do sexo. Não sou eu que estou dizendo, é a nossa arte. E uma Olímpíada vai mudar muito isso. Não vai acontecer nada porque a polícia vai entrar em acordo com os traficantes, me disseram. E ainda: que vão retirar o foco do futebol e passá-lo para outros esportes, melhorando a estrutura, os investimenos nos atletas nacionais. Vão terminar de despoluir a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Baia de Guanabara, bem como as Lagoas de Jacarepaguá. Vão selecionar melhor as pessoas que vão aos eventos porque Olímpiada é muito mais cara que Pan. E não vão acontecer as vaias do Pan - devo dizer: as vais do Pan, na abertura, foi um dos melhores momentos do evento.

E vimos o Lula e Sergio Cabral chorarem pela vitória. Os dois vaiados do Pan. Os dois que estão comemorando uma oportunidade de mostrar um Rio que não existe e assumirem um compromisso que seus sucessores irão cumprir. O Obama bem que tentou, mas a vitória foi do Lula. Assim que eu li:“O homem que é considerado o dono do melhor discurso da política contemporânea foi surpreendido pelo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu o “Times”. Nem sempre o pior discurso é o perdedor e o melhor é o vencedor.

O país inteiro se comoveu com o choro do Pelé. Vamos pular da 10ª economia mundial pra 5º lugar segundo o FMI. Um salto que nos colocará no rol dos países mais respeitados. Estamos mais poderosos que os americanos. Mais influentes também. Já está tudo planejado até 2016, as pessoas estão sonhando desde agora.

Depois da olímpiada é que a gente vai acordar.