Por muitas vezes, a inércia independe do ser humano. No caso de um preso, por exemplo, um condenado a morte: não há o que fazer senão esperar. As pessoas ignoram a tristeza e o sofrimento que é viver sem mudar a situação em que se está,porque simplesmente é mais fácil negar e demonstrar o quanto se pode ser feliz, como se fosse uma escolha ser triste.
No filme, a personagem principal, Yeon, não é feliz. É ignorada pela própria família (marido e filha) e se sente secundária. Desimportante. As pessoas a vêem como parte da casa porque ela vive em função delas: lava, passa, cozinha, cuida. Ela passa por um vazio na vida e quer ser importante para alguém. E ela vê na TV um preso, Jin, condenado a morte, que tentara suícido duas vezes. Não há sentido em esperar para morrer, ele só não o faz porque não tem condições de mudar de situação, inclusive, ele prefere morrer a viver daquele jeito. E viver, pra quem é condenado a morte, faz parte da pena porque é ser constantemente humilhado.
Ela o vê pela TV e faz por ele algo que ele não poderia ter, mas que ela poderia dar: a visão do lado de fora. Mesmo que simbolicamente. Ela o visita na cadeia e em reuniões particulares, enfeita a sala de visitas com papéis de parede simbolizando as estações de ano. E a estação em que se passa o filme é o inverno. A cada visita, ela vai com a roupa da estação, o que obviamente, faz com que ela sofra com o rigor do frio. Ela canta, conta histórias, apresenta a ele sua família através de fotos. E tudo é monitorado pelo chefe do presídio, certamente, entediado com a ausência de novidades em seu trabalho. A função dele, igual, é apenas observar.Remete imediatamente ao que se vê nos realities shows, onde o público deixa a própria vida, pra ficarem inertes observando a vida alheia.
E o contraste: eles sentem a mesma tristeza, mas ela ainda tem o que ele perdeu, embora esteja prestes a fazer o que ele fez. A liberdade aqui não faz diferença, porque a Yeon se anulou perante seus familiares, da mesma forma que Jin se anula perante a sociedade. E ser inerte, quando se é livre, muitas vezes, é esperar por uma catástrofe. E as mudanças acontecem de dentro pra fora. Quem vive ao lado, percebe. No caso dela, o marido, a vê mais bonita, abandona uma amante (um dos motivos da ruína do casamento), mas não entende o porquê da mudança. No dele, um companheiro de cela, apaixonado, que não gosta e se vê preterido, ao notar que Jin lhe parece feliz e não precisa dele.
Com isso, ela vai despertando o interesse na família, que não sabe o que ela faz. Aliás, é uma coisa engraçada: a displicência dela com as tarefas domésticas, as saídas misteriosas, vai despertando o interesse da família. Eles começam a perceber a sua utilidade e começa a preocupação de perdê-la.
Ela tenta salvá-lo, ele a salva e, quando ela recupera a família, a história dos dois perde o sentido. Ele volta pra cadeia, ela pra família, porém revigorados.
No filme, a personagem principal, Yeon, não é feliz. É ignorada pela própria família (marido e filha) e se sente secundária. Desimportante. As pessoas a vêem como parte da casa porque ela vive em função delas: lava, passa, cozinha, cuida. Ela passa por um vazio na vida e quer ser importante para alguém. E ela vê na TV um preso, Jin, condenado a morte, que tentara suícido duas vezes. Não há sentido em esperar para morrer, ele só não o faz porque não tem condições de mudar de situação, inclusive, ele prefere morrer a viver daquele jeito. E viver, pra quem é condenado a morte, faz parte da pena porque é ser constantemente humilhado.
Ela o vê pela TV e faz por ele algo que ele não poderia ter, mas que ela poderia dar: a visão do lado de fora. Mesmo que simbolicamente. Ela o visita na cadeia e em reuniões particulares, enfeita a sala de visitas com papéis de parede simbolizando as estações de ano. E a estação em que se passa o filme é o inverno. A cada visita, ela vai com a roupa da estação, o que obviamente, faz com que ela sofra com o rigor do frio. Ela canta, conta histórias, apresenta a ele sua família através de fotos. E tudo é monitorado pelo chefe do presídio, certamente, entediado com a ausência de novidades em seu trabalho. A função dele, igual, é apenas observar.Remete imediatamente ao que se vê nos realities shows, onde o público deixa a própria vida, pra ficarem inertes observando a vida alheia.
E o contraste: eles sentem a mesma tristeza, mas ela ainda tem o que ele perdeu, embora esteja prestes a fazer o que ele fez. A liberdade aqui não faz diferença, porque a Yeon se anulou perante seus familiares, da mesma forma que Jin se anula perante a sociedade. E ser inerte, quando se é livre, muitas vezes, é esperar por uma catástrofe. E as mudanças acontecem de dentro pra fora. Quem vive ao lado, percebe. No caso dela, o marido, a vê mais bonita, abandona uma amante (um dos motivos da ruína do casamento), mas não entende o porquê da mudança. No dele, um companheiro de cela, apaixonado, que não gosta e se vê preterido, ao notar que Jin lhe parece feliz e não precisa dele.
Com isso, ela vai despertando o interesse na família, que não sabe o que ela faz. Aliás, é uma coisa engraçada: a displicência dela com as tarefas domésticas, as saídas misteriosas, vai despertando o interesse da família. Eles começam a perceber a sua utilidade e começa a preocupação de perdê-la.
Ela tenta salvá-lo, ele a salva e, quando ela recupera a família, a história dos dois perde o sentido. Ele volta pra cadeia, ela pra família, porém revigorados.