sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Breath (2007) Spoilers


Por muitas vezes, a inércia independe do ser humano. No caso de um preso, por exemplo, um condenado a morte: não há o que fazer senão esperar. As pessoas ignoram a tristeza e o sofrimento que é viver sem mudar a situação em que se está,porque simplesmente é mais fácil negar e demonstrar o quanto se pode ser feliz, como se fosse uma escolha ser triste.

No filme, a personagem principal, Yeon, não é feliz. É ignorada pela própria família (marido e filha) e se sente secundária. Desimportante. As pessoas a vêem como parte da casa porque ela vive em função delas: lava, passa, cozinha, cuida. Ela passa por um vazio na vida e quer ser importante para alguém. E ela vê na TV um preso, Jin, condenado a morte, que tentara suícido duas vezes. Não há sentido em esperar para morrer, ele só não o faz porque não tem condições de mudar de situação, inclusive, ele prefere morrer a viver daquele jeito. E viver, pra quem é condenado a morte, faz parte da pena porque é ser constantemente humilhado.

Ela o vê pela TV e faz por ele algo que ele não poderia ter, mas que ela poderia dar: a visão do lado de fora. Mesmo que simbolicamente. Ela o visita na cadeia e em reuniões particulares, enfeita a sala de visitas com papéis de parede simbolizando as estações de ano. E a estação em que se passa o filme é o inverno. A cada visita, ela vai com a roupa da estação, o que obviamente, faz com que ela sofra com o rigor do frio. Ela canta, conta histórias, apresenta a ele sua família através de fotos. E tudo é monitorado pelo chefe do presídio, certamente, entediado com a ausência de novidades em seu trabalho. A função dele, igual, é apenas observar.Remete imediatamente ao que se vê nos realities shows, onde o público deixa a própria vida, pra ficarem inertes observando a vida alheia.

E o contraste: eles sentem a mesma tristeza, mas ela ainda tem o que ele perdeu, embora esteja prestes a fazer o que ele fez. A liberdade aqui não faz diferença, porque a Yeon se anulou perante seus familiares, da mesma forma que Jin se anula perante a sociedade. E ser inerte, quando se é livre, muitas vezes, é esperar por uma catástrofe. E as mudanças acontecem de dentro pra fora. Quem vive ao lado, percebe. No caso dela, o marido, a vê mais bonita, abandona uma amante (um dos motivos da ruína do casamento), mas não entende o porquê da mudança. No dele, um companheiro de cela, apaixonado, que não gosta e se vê preterido, ao notar que Jin lhe parece feliz e não precisa dele.

Com isso, ela vai despertando o interesse na família, que não sabe o que ela faz. Aliás, é uma coisa engraçada: a displicência dela com as tarefas domésticas, as saídas misteriosas, vai despertando o interesse da família. Eles começam a perceber a sua utilidade e começa a preocupação de perdê-la.

Ela tenta salvá-lo, ele a salva e, quando ela recupera a família, a história dos dois perde o sentido. Ele volta pra cadeia, ela pra família, porém revigorados.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sobre o post anterior

Existe uma diferença muito grande entre se posicionar criticamente contra os judeus, como grupo social, ou ao judaísmo e ser anti-semita, como também ser contrário ao movimento negro e ser racista. São dois casos em que as pessoas tomam como verdade absoluta toda a vitimização. Eu já falei disso, da intolerância como fundamento da política das minorias, da vitimização. Eu, por exemplo, não concordo com a visão que o ocidente especificamente tem dos direitos humanos. E eles acham fundamento pra defenderem as minorias citadas nos direitos humanos. Não existe o argumento universalmente aceito pra nada e nem há como cobrar isso.

Os EUA, por exemplo, são os defensores dos direitos humanos, estão diretamente envolvidos com o que finalizou a 2ªGM, criação da ONU e aprovação da Carta dos Direitos Humanos. É um país que é contrário ao aborto, mas a favor da pena de morte. Tem cadeira elétrica. As cortes internacionais condenaram a morte vários governantes, representantes de governos, forças armadas de vários países, por envolvimento deles em genocídios, crimes contra a humanidade, etc. Nunca suficientemente bem representados quanto à defesa.

E isto que me faz defender o Ahmadinejad. Dizem que ele persegue homossexuais, mata mulheres, financia grupos terroristas,etc. São acusações sem qualquer comprovação. Da mesma forma, quanto às armas nucleares. O Irã faz parte da ONU, da mesma forma que o Iraque, poderia estar sujeitos a visitações, fiscalizações,dar satisfações à comunidade internacional.

A imprensa internacional é burra quanto ao preparo de seus profissionais e interpretação dos fatos, mas também é tendenciosa para agir em favor dos grupos que a financia. Convém identificar grupos terroristas islâmicos,mas não convém reconhecer o terrorismo de Estado que Israel ou os EUA praticam. As justificativas da guerra no Iraque e no Afeganistão foram imposição de direitos humanos e legítima defesa preventiva. Óbvio que nada do que eles acusaram ficou comprovado, mas a imprensa fez o papel de justificar para as pessoas. Foi genocídio, que é sinônimo de holocausto, como também foi a limpeza étnica promovida pelo Milosevic na Iugoslávia. Como também foram as duas bombas atômicas (criação e moticação judia) lançadas no Japão.

Estamos habituados a sermos intolerantes ao diferente. Chegamos ao ponto que ninguém admite questionamentos quanto a legitimidade de direitos humanos, a intocabilidade dos judeus. Tudo neste sentido é interpretado para pior porque a política das minorias prega a auto-discriminação e os interesses individuais - privados- em detrimento de direitos alheios. O Estado se legitima a fazer política reparadora e o politicamente correto é o que concilia interesses privados ao que é conveniente. Não ao que é correto, defendido e fundamento da democracia e das constituições ditas democráticas.