quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Filmes dublados

Eu sempre me manifestei contra filmes dublados. Sempre achei a dublagem brasileira tosca (e de fato era) e os títulos de filmes mal traduzidos. O cinema brasileiro sempre foi meio amador e sempre teve muito dinheiro- excluo aqui o horroroso hiato da década de 90, representada por Xuxa, Trapalhões e um avulso. O sindicato dos atores é voltado pros atores de Tv. Arrecada-se muito dinheiro com a CODECINE,em virtude principalmente das propagandas,onde não somos nadas amadores.

Na Europa, a maioria dos filmes são dublados pra preservar a classe artística. Reserva de mercado mesmo. Eles fazem protencionismo com o cinema nacional, enquanto que aqui se supertributra aquilo que funciona bem. Lá, existe financiamento público de cinema, algo que lá se leva muito a sério. Aqui, utiliza-se dinheiro público pra financiar uma classe que naturalmente chama atenção pelo apelo comercial. Aí, a referência de filmes acaba por ser de filmes globais, com atores globais, pra se fazer publicidade de algum produto.

É inegável que existe hoje um preparo muito melhor dos atores brasileiros. Não esses bonitinhos, modelinhos, atores de malhação,mas atores alternativos. Cinema alternativo sempre haverá de ser esperança da arte. Alguns desses filmes foram premiados em festivais, inclusive, Estamira, "Os Famosos e os Duendes da Morte", que falei abaixo. Note-se que eu usei filmes em que não há atores profissionais,embora sejam tecniamente apresentáveis. Bem dirigidos, bem roteirizados, uma prova de que estamos profisionalizando nosso mercado, deixando de ser paga-paus de filme americano.

Também existem os canais espelhos pagos de cinema que têm em sua grade canais dublados.Você tem o HBO 2, o Telecine Pipoca, por exemplo, que, por exigência de grande parte da audiência, como já havia sido feito com os canais de série, passaram a ter a opção dublada dos filmes lançados nos canais principais. E são muito bem dublados. E, a cada filme, você sempre tem uma nova voz, não aqueles mesmos de sempe.  Estão derrubando qualquer mimimi a respeito de preferências por filmes legendados, que aliás, até bem pouco tempo atrás, as pessoas usavam pra se diferenciar. Se um filme chinês é dublado em inglês com legendas em português, o camarada que assistia achava o máximo. Não poderia ser em português. E vem aquilo de você apreciar o estrangeiro e assistir, por exemplo, a única cópia de Invasões Bárbaras, com som original dublado em alemão, que eu tive que assistir.

Eu confesso que eu tenho gostado bastante desses canais dublados.E, inclusive, sou bem a favor da dublagem bem feita. Poupa muito esforço em alguns filmes. Embora seja legal você ver legendado pra sacar a atuação do ator, só faz mesmo diferença quando você conhece o idioma original do filme. Se for um filme de suspense, você perde um pouco da ação, lendo as legendas.

E quando a Band teve sua época de só jogar filmaços alternativos às segundas-feiras, você não deixava de assistir porque era dublado, mas estava implícito que a dublagem era pra gente que não sabia ler ou não entendia inglês, espanhol, etc.? E olha que a Band mandava muito bem! Foi pioneira nesse negócio de colocar filmes espanhóis, italianos, americanos alternativos, relativamente novos, junto com a novela da Globo. E isso no final da década de 90, quando os canais pagos eram de dificil acesso.

É claro que o SATED  tem sua função na melhoria da qualidade do cinema e das dublagens, mas é óbvio, que isso, com boa vontade, também é resultado de uma democratização do cinema e de um melhor acesso a filmes de diversas culturas, não só os americanos. E o melhor de tudo: a exigência do mercado por bons profissionais.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sobre o racismo

Não vi nada demais no vídeo do Rodrigo Lombardi quando eu li o que ele escreveu. Até  o defendi, porque a gente sempre acha que as coisas são distorcidas pro lado mais fraco, quando se trata de criticar atitudes alheias. E ele, ao citar Sammy Davis Jr. pra elogiar um branco, obviamente, no alto da efusividade e descabimento, acabou, sim, sendo preconceituoso. E isso foi levado às alturas na internet pra vincular ao racismo.

Honestamente, ele não tem intelectualidade suficiente pra ser racista citando um negro e indiretamente vinculando capacidade do negro que se destacava pelo talento no meio de brancos. E  fazendo disso uma identificação com ele. Ele sequer era nascido, então, nem fazia sentido o comentário, mas a verdade é que negro é feio na nossa sociedade. Bonitos são os brancos de olhos azuis. Este foi o contexto que ele deu: o negro, pra ser bonito, tem que ter talento acima da média. Isso é verdade. Infelizmente.

A gente pode pensar muito a respeito disso, mas deve acontecer uma retratação para que o assunto morra. Apenas queria deixar registrado os casos em que negro entra, que branco nem põe os pés: no boxe, no rap, hip hop, no soul, no jazz. Exemplos de lugares aonde brancos cantam como negros. Joss Stone é tida na mídia como uma branca com voz de diva negra do soul. Como assim? Amy Winehouse, idem.O melhor rapper de todos tempos, Eminem, é branco. E isso era pra ser ironia, só não é porque a gente sabe que botar o negro como privilegiado sobre  o branco é compensação de desigualdade. 

Então, meus caros, quando se tem o parecer ser mais importante que o  ser, teremos sempre o belo prevalecendo sobre o talento. Você não é racista se achar  o loiro de olhos azuis mais bonito, você o consome, fato. Você não precisa dizer que negro também é belo quando você realmente não acha. 

 Asim, você precisa dizer que  o negro é melhor que o branco pra não parecer que você  é racista?